Hoje nem é sequer um bom dia.
Acabadinha de me estrear nos 38 anos, a vida encarregou-se em meados de 2021, dar-me um pontapé daqueles, que nos colocam em sentido e tudo o resto fica em perspetiva, às vezes até em stand-by só para que percebamos definitivamente para onde devemos ir, quem fica e quem sai.
Poderia ser pior, dizem alguns, poderia ter sido uma doença fatal, a morte de alguém, e não, felizmente nada disso. Simplesmente "coisas que acontecem" mas que nos marcam profundamente, obrigando-nos a olhar para dentro, compreender o "error" e mudar a nossa forma de ser e estar e atuar com os que nos rodeiam. Isto tudo é curto demais e passa demasiado rápido para ser vivido sempre com mágoa, mas a verdade é que nem todos os dias são genialmente bons. Hoje é um deles.
Por força das circunstâncias, algo que já se esperava há pelo menos 3 anos e meio, também fiquei durante o mês de Janeiro, oficialmente desempregada - contudo, porque das trevas ganhamos força, consegui focar-me para outro caminho, há já algum tempo, e estou num novo trabalho/emprego, numa nova área, com novos potenciais objetivos e, embora seja tudo novo, recente e dê algum receio (para mim cuja auto-estima está sempre nas lonas, associada a um franco e bem desenvolvido complexo de impostora está a ser o máximo dos mínimos históricos!), promete ser tudo de bom - uma mescla entre a ciência, a comunicação e dermofarmácia e cosmética e a geomedicina, why not? E embora tudo se possa dever a uma eventual capacidade de trabalho, força de vontade, motivação que terá surgido não sei como, sou obrigada a pensar que Deus ou o Universo tenham mexido alguma coisa - simplesmente não quero é ouvir, como já aconteceu, que tive "muita sorte" e que foi tudo "muito rápido".
Postas estas palavras sempre mencionadas com tanta ironia, torna-se ainda mais fácil eu própria colocar em causa as minhas capacidades, pensar sequer se as tenho, pensar em tudo o que fiz de errado, saber que talvez não passe mesmo de uma pequena impostora com a mania que sabe muito e que pensa ter uma grande cultura geral. É tão fácil quando levamos os tais safanões como banhos e choques elétricos, e invés de nos sentirmos mais alerta e vivos, nos sintamos mortos e pesos para todos os outros. Isto a todos os níveis, falhanços profissionais (forçados ou não), falhanços pessoais (forçados ou não) metem realmente tudo mas tudo o que eu faça em cheque.
Hoje não é um bom dia.
O que eu acho é que cada vez mais deveremos pensar bem na nossa vida, no que realmente nos faz bem ou mal, no que podemos considerar ser tóxico, no que nos poderá dar algum conforto, nas nossas pessoas, naquelas que queremos que continuem a fazer parte da nossa vida mesmo que o nosso instinto saiba que lhes teremos feito mais mal que bem - daí o esforço para melhorarmos. Um dia de cada vez, todos os dias. Nunca a saúde mental foi tão mencionada, muito se devendo à pandemia, aos confinamentos, às regras impostas. Mas ao mesmo tempo, continua a ser um assunto não falado nos locais onde mais se deveria: nas empresas, por exmeplo, nas escolas. Por várias questões eu fui finalmente diagnosticada com um esgotamento (que, embora podendo, não está diretamente ligado a uma depressão, sem dúvida que me traz momentos de pura exaustão para com a Vida), mas mais uma vez, da escuridão temos de ver a luz - mesmo que seja uma frase batida.
Seja como for, a verdade é que nem sempre somos aquilo que parecemos ou que damos a entender, nem sempre somos as fotografias e imagens coloridas, nem sempre somos poemas, mas sim folhas de papel amachucadas após várias tentativas falhadas. E no fundo, eu pelo menos, tenho medo de ser apenas uma memória má, baça, na vida de alguém.
Then, 38th, please, be kind...
ENG|
Today is not even a good day.
As I just entered my 38th birthday, I remember that life took charge in mid-2021, giving me one of those kicks that puts our priorities in order and everything else is in perspective, sometimes even on stand-by, just so that we definitely understand where we should go, who stays and who leaves.
It could have been worse, some say, it could have been a fatal illness, someone's death, but luckily it was none of that. It was simply "things that happen" but that marks us so deeply, that forces us to look inside, understanding the "error" and change our way of being and acting with those around us. This is all too short and too fast to be lived with regret, but the truth is that not every day is amazingly good. Today is one of them.
By force of circumstances, something that had been expected for at least 3 and a half years also happend and I was also officially unemployed during the previous month - however, because from the darkness we usually gain strength, I managed to focus on another path, found a new job in a new area, with new potential goals and, although it's all new, recent and frightning (for me, whose self-esteem is always on the fence, longside with a very well-developed imposter complex, it's being the maximum of historical minimums!), it promises to be great - a mix between science, communication, dermopharmacy and cosmetics and geomedicine, so why not? And although everything could be due to a possible work capacity, willpower, motivation, that I don't know from where they came from, I'm forced to think that God or the Universe cooked something up - I just don't want to hear, as already happened, that I was "very lucky" and it was all "very fast".
As these words are always mentioned with such irony, it becomes even easier for me to question my own abilities, to think about whether I even can have them, to think about everything I've done wrong, to know that maybe I'm just a little "know it all" imposter thinking it has a great cultural sense. It's so easier when we take such bumps, like ice-cold baths and electric shocks, and instead of feeling more alert and alive, we feel dead and a burden to everyone else. This at all levels: professional failures (forced or not), personal failures (forced or not) which really puts everything, but I mean everything, I do in check.
Today is not a good day.
What I believe is that more and more we should think about our lives, what really makes us good or bad, what we can consider to be toxic, what can give us some comfort, our people, those we want to continue to to be part of our lives, even if our instinct knows that we've harmed them more than anything else - hence the effort to self-improvement. But its one day at a time, every day.
Mental health issues, have never been so much mentioned as today, especially due to the pandemic, the lockdowns, the imposed rules. But at the same time, it remains an unspoken subject in the places where it should be the most: companies, for instance, schools. For several other reasons I was also finally diagnosed with a burnout (which, although possible, is not directly linked to depression, but still brings me moments of pure exhaustion towards Life). Once again, from the darkness we have to see the light - even if it's a beat-up phrase.
Nevertheless, the truth is that we are not always what we seem be, the way we look, we are not always nice photographs and colored images, we are not always poems, but sheets of crumpled paper after several failed attempts. And deep down, at least, I'm afraid of just becoming a bad, dull memory in someone's life.
Then, 38th, please be kind...
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