June 2016 - Cláudia Paiva Silva

Friday, June 17, 2016

3.
June 17, 20161 Comments
Não posso usar roupa justa, decotada, mini saias, batom vermelho.

Sou apelidada de mulher da vida, prostituta, puta.

Se for violada ou ouvir piropos, é porque a) estava a pedi-las; b) uma mulher só se veste assim para provocar e chamar a atenção; c) todas as anteriores. 
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2.
June 17, 20160 Comments
Não posso dizer que gosto de meninos.

Mas posso comprar armas à vontade que estou apenas a precaver-me. E cuspir para o chão. E bater em Mulheres (não, posso e devo, levar tareias, porque é para isso que a Mulher existe na sociedade).
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1.
June 17, 20161 Comments
Também gosto de meninos.

Também sou pedófila, ou isso só funcionaria se fosse do género masculino e tivesse uma pila no meio das pernas? 
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Wednesday, June 15, 2016

Passa a correr...
June 15, 20161 Comments
Há muito que não venho cá, nem para espreitar, nem para matar saudades, nem ser curiosa.
Há tanto para dizer, para partilhar, novas imagens para mostrar, mas por vezes falta da paciência mais até do que a vontade.
Outras coisas se colocam em primeiro lugar e nem sempre há inspiração ou tranquilidade para escrever, um exercício que para mim é quase uma religião - e como tal deve ser respeitada, ter o seu tempo e lugar para não se tornar ou banal ou ordinária. 

Posso dizer que tenho viajado mais cá dentro, que tenho conhecido terras pelas quais nunca tinha estado antes, que tenho fotografado imenso (nem sempre bem, é certo), que tenho andado ocupada com trabalho (long live Petrel, o Rei!), que tenho estado a ver o Mundo a morrer cada vez mais todos os dias - mas que eu, ao mesmo tempo, tenho andado a distrair-me cada vez mais à mesma proporção (porque só se vive uma vez e não é bom deixar a Vida passar ao lado, à espera de coisas que nunca vão acontecer), que fui ao Santo António (yé yé yé, Lisboa é que é... e Porto e etc.), que fui assistir ao Prós e Contras quando da polémica da pesquisa de hidrocarbonetos no Algarve. 


Que soube do atentado (atentado, massacre) em Orlando. Que isso me deixa aterrorizada.
Que vejo ódio racial em todo o lado (e eu também sou contaminada, somos todos contaminados), que vejo os Trumps da vida a escalarem a escada do Poder e isso assusta-me ainda mais. 

Que a vida passa a correr, que o tempo não desacelera, que tudo está sempre em transformação, em mudança, um dia é uma coisa, no segundo seguinte é outra. 

Que tenho de vir cá mais vezes. 
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