1º de Agosto - Cláudia Paiva Silva

Thursday, August 01, 2019

1º de Agosto




Já dizia a cantiga que o melhor dia para casar sem nenhum desgosto é o 31 de Julho, porque depois entra Agosto. 
Já eu perdi o hábito de ver os casalinhos a casarem nesta época do ano, visto ser muito mais "in" os casamentos nas quintas do Ribatejo, Baixo Tejo, Médio Tejo e Além Tejo, entre os meses de Setembro até Novembro, ou nos primórdios de Abril. Evitam-se assim as confusões da estrada estival, da estrada "festival", evita-se o calor (ok, não se evita nada o calor, porque pelos vistos este decide entrar agora em força no país a partir de finais de Agosto extendendo-se até ao final do ano).
E se antes (o que quererei eu dizer com "antes" no pico dos meus 35 anos?) eu não apreciava férias de Verão neste mês, agora é um fartote de "venham elas" - percebi que são boas em qualquer altura do ano. Se formos a ver bem, embora seja extremamente concorrido, encontram-se ainda alguns locais reservados a uma pequena minoria mais silenciosa, que procura descanso total, mesmo que seja por escassos 3 dias. Às vezes é o que basta.



E se por um lado adoro as festas de aldeia, que mais do que "pitorescas", fazem parte das nossas raizes, da nossa tradição e cultura, as quais este ano me irão passar ao lado, por outro anseio por pouco barulho, com a certeza que o nirvana mental será difícil de concretizar. Não douremos a pílula, os problemas quando existem, estão lá sempre. E fugir aos mesmos, mesmo que estando num "fora, cá dentro", com o passar dos anos, começa a ser totalmente impossível. 

Claro que pareço ser com isto o que corriqueiramente se designa por "vaidosa, arrogante", vá, convencida. Mas apesar de partilhar muito de mim por aqui, ali e acolá, na verdade, ninguém me conhece ou à minha vida, para achar que possa ser um mar de rosas. Prova disso: as fotos aqui apresentadas, um "tempo volta para trás" agora conhecido como "throwback time", foram realizadas entre lenços de papel, ranho e garganta inflamada. Simplesmente é um hobby, um momento curto (bem curto) de distracção em 2017. Não mais do que isso, sem qualquer objectivo obscuro nas entrelinhas. 
Nota feita, continuemos. 

Férias são dias de descanso. Até podem calhar num fim de semana, ou associadas a uma sexta ou segunda por via de pontes e feriados. Até pode ser que para a maioria das pessoas férias signifique tratar de assuntos pendentes, mais trabalho até do que o do costume do dia-a-dia. Para mim passou a ser outra coisa. Entre crises de saúde, problemas no trabalho, tenho a necessidade de parar mesmo. Tentar (risos!) desligar o botão e fazer alguma coisa, ou nada fazer, que me agrade honestamente. Também percebi há pouco tempo que apenas o acto de arrumar, limpar, destralhar e voltar a entralhar noutro sítio a casa, me faz bem. O quão engraçado e estimulante pode ser ver uma divisão da casa mudar só porque se tiraram uns cortinados ou se mudou a colcha da cama. E não, não costumo seguir os programas de "faça você mesmo" ou "querido mudei a...". 



Voltemos a Agosto. 
Mês de Sol. 

Mas será mesmo? Eu adoro Maio e Junho - os dias são definitivamente os mais longos e Portugal possui essa capacidade proporcionada por lento movimento de tectónica de placas ao longo de milhões de anos de estar localizado em posição estratégica no que diz respeito à luminosidade natural. Luz às 21 horas. Jantares que se esticam para copos de vinho branco, gin ou água, até à 1 da manhã, 2 da manhã, porque ninguém dá conta do tempo passar. Temos os santos populares, nesse calor de entremeada mista e sardinha assada, com bailaricos à mistura. E, correndo tudo bem, temos já um calorzinho agradável que nos leva até àquela primeira cor de quem já teve o corpo beijado pelo sol. 
Agosto dá-me aquela estranha sensação de melancolia. De saudade. Mas é exactamente por causa da luz que isso acontece. Os dias mirram, a mar fica delicadamente mais calmo, como que pressentindo a ausência de pessoas. Entra Setembro, e um novo ciclo começa. Férias são férias - em Setembro, embora mais curto, é deliciosamente perigoso. O tal do calor que entra em força, o mar que não traz marés vivas, a nortada que desaparece. 

Só que hoje é o 1º de Agosto.

Ténis: ADIDAS
Saia: ZARA
Mala: certamente Gucci de "outras paragens"
Makeup: Yves Saint Laurent/Estee Lauder


1 comment:

Anita said...

É tão isto! Somos 2 a pensar assim. Confesso que detestava Agosto e nutro ainda um carinho especial por Junho e Setembro, embora este primeiro me decepcione alguns anos, mas férias, ah, agora é quando calham, sempre que possa ou sempre que me deixam!
By the way, estás gira, pá!