Não existem palavras suficientes para descrever um concerto desta banda, até há poucos dias, totalmente desconhecida para mim. Acho que se me atrevesse diria que o meu sentimento, a minha percepção em relação ao grupo e à sua performance em palco me fizeram recordar a razão pela qual, há já longos anos atrás, comecei a cantar, a gostar de cantar, a interessar-me sobretudo por música tradicional portuguesa juntamente ao folk nacional (e celta-ibérico). Já não me lembrava da sensação que era sentir a batida ritmada e frenética que se conseguia atingir e obter com um adufe ou bombo... com uma simples pandeireta até. O som "ao vivo" de gaitas de foles, o cavaquinho, a combinação perfeita de instrumentos tão tradicionais que levam, com os Dazkarieh, uma roupagem completamente nova, traduzida pelo frenesim de arranjos rock-metal! Joana Negrão, a vocalista, consegue empregar a sua voz aos mais variados registos, salientando nas melodias as diferentes tonalidades que cada canção precisa. Não existem repetições, nem cansaços de audição. As canções por si são únicas e não existem pontos em comum a não ser a língua portuguesa, bem marcada para que não nos esqueçamos que ela é única, que só nós a temos. E ainda contamos com as "lenga-lengas" e judiarias cantadas e contadas nas aldeias do interior profundo pelas avós e tias, com mezinhas para o tratamento de dores e afastar os demónios e espíritos do corpo. Assistir a um concerto dos Dazkarieh é basicamente voltar a imaginar um cenário típico de caixas de xisto ou granito, onde as gentes não leêm e os dias contam-se pelo rodar do Sol.
Devo ter sido a única que no Cinema S. Jorge não os conhecia. Uma sala cheia para receber uma banda já com 10 anos de presença e reconhecimento internacional. Sem dúvida que dancei e saltei mais do que outros, mas valeu a pena. São uma força da natureza. Incrível!
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