Achamos que a vida, às tantas, já não supreende - que já aprendemos todas as lições e não voltaremos a cair em qualquer espécie de ilusão ou engano.
As experiências, o conhecimento, o saber lidar com crises, situações e, principalmente pessoas, fazem-nos fortes, sabedores, enfim, colocam-nos preparados para qualquer evento extraordinário que nos aconteça. Ou não será?
Nada mais errado. As dores de crescimento poderão ser sentidas até ao dia em que apagarmos a luz e fecharmos os olhos. Porque, das duas uma, ou nos encerramos ao que nos rodeia, de forma permanente, e vivemos algo semelhante a sobrevivência, sem nunca nos entregarmos realmente a nada, seja um trabalho, um hobby, a uma ou a várias relações, sejam amorososas ou de amizade, ou então vamos com tudo, entramos a pés juntos, batemos no rail de proteção e ainda assim, cá estamos para contar a história. E isso provoca dores sim. De crescimento, exato.
Nem sempre é fácil entender o porquê de algumas coisas - muito menos quando nos ultrapassam e estão fora do nosso controlo (e como todos adoramos controlar tudo, não é?). Não temos culpa das atitudes de outras pessoas, dos seus silêncios, dos seus afastamentos, do porquê nem tudo acontecer exatamente quando queremos e desejamos - sim, é realmente uma grande chatice estarmos à espera de um ordenado, por exemplo, que nunca mais chega porque houve atrasos e sim, que nos causa problemas extra, tal como acaba por nos magoar ao sentir que "se calhar" poderíamos ter evitado alguma situação que tivesse levado a outro comportamento, de outra pessoa. Não!! - por muito que as dores de crescimento existam, não podemos mesmo estar a culpabilizar-nos por nada que não nos pertença diretamente.
O processamento salarial está atrasado? Sim, mas vai-se resolver. Os outros não querem falar? Tudo bem, é um processo deles, não é nosso.
Quantas vezes acordo com vontade de me afastar de pessoas amigas que me fazem bem? Ou quantas vezes acordo a pensar que deveria falar e desabafar com aquela pessoa, mas sei que depois vou parecer tóxica, fraca, ou penso estar a incomodar? Então como se justifica abrir-me com pessoas "estranhas ao serviço"?
As dores de crescimento são assim necessárias para validar os nossos próprios processos internos, as nossas dúvidas ou aquelas questões que nunca foram pensadas. Servem sim, para não repetirmos padrões emocionais e de culpabilização. Mas irão sempre acontecer quando menos esperamos.
Pois a vida é isso também - uma educação permanente. Resta apenas saber se a fazemos sozinhos ou com o apoio dos demais. Nenhum homem é uma ilha.
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