Gillete. É p'ró menino e para o Homem he-ho! - Cláudia Paiva Silva

Wednesday, January 16, 2019

Gillete. É p'ró menino e para o Homem he-ho!

Vi ontem o malfadado anúncio da Gillete. Se é para gerar polémica, controvérsia, falatório, censura, desgosto (dizem as estatísticas que a maioria das pessoas não gostou das imagens) e com isso, mais dinheiro, sinceramente não interessaria para o caso. O assunto abordado na publicidade referida, sim. É importante, de forma a ser mais curta na intervenção, apenas explicar o seguinte (que, vale o que vale, porque é a minha opinião e eu não sou psicóloga nem socióloga para elaborar muito mais do que isto): o anúncio não é apenas mal visto por parecer mais uma montagem do (im)popular MeToo. Muito pelo contrário - aqui o problema nem são as mulheres, mas sim os homens, os seus comportamentos e atitudes do dia-a-dia. A premissa inicial é apenas realçar que aquilo que o homem "é", deveria ser na verdade o que ele "deveria ser", passo a redudância. O que choca os espectatores não é ser pro-feminista ou anti-machista. Não! É mesmo pelo facto de ser um vídeo machista, misógino e mundialmente enraizado em toda e qualquer sociedade. O que chateia mesmo as pessoas não é o incómodo que possa transmitir, mas sim o facto de serem coisas que acontecem todos os dias, que já ninguém liga (ou talvez liguem, mas pensem que nem vale a pena comentar), e como tal, estar-se talvez a perder tempo com situações vistas como "normais". Não, não é normal. Não é normal continuarmos a dizer que o menino brinca com carros, anda à bulha, tem força física e portanto pode volta e meia dar uns murros aos outros, deve jogar futebol, não é (totalmente) preciso saber fazer alguma coisa em casa e claro, não chora, não é fraco, não é nem nunca será vítima. Os homens também são vítimas, mas o entendimento que a sociedade lhes dá é que não o podem ou devem mostrar, com pena de serem imediatamente apelidados de fracos, de maricas, ou de coisa pior. 





Antes de criticar, dever-se-ia pensar, e bem, no que andamos realmente a fazer para que as situações que todos os dias dizemos que têm de acabar, acabem mesmo. Não basta aparecer na televisão ou numa publicação escrita e falar sobre direitos iguais. Dever-se-ia sim era falar sobre educação igual, ou educação num todo, não desterrando cor-de-rosa para um género e azul para outro, e um arco-íris para os demais. Igualdade de género passa sobretudo pela igualdade na forma de se educar. E se educamos as meninas a serem bem comportadas, serem educadas e saberem passar a ferro, além de ensinarmos os rapazes a ter a barba bem aparada, porque não ensinar que não há mal nenhum em mexer em tachos e panelas e que a maquina de lavar roupa não é nenhum bicho-papão? 



No comments: