De vez em quando deparo-me com casais que têm tudo para serem felizes. Pelo menos durante uns tempos. Depois, quando venho a saber que esses romances terminaram fico com pena, por eles e por todos os outros que também, assim, do nada, se separaram. Estarei certamente a relativizar muito, porque as relações, quando terminam têm sempre uma justificação, uma causa, geralmente implicando o fim do sentimento em questão, magoando sempre uma das partes ou as duas. Por mim deveria ser nenhuma. Quando algo termina, ambos deveriam decidir quase que imediatamente seguir em frente, viver mais e melhor, permanecendo amigos, íntimos um do outro, confidentes e solidários. Mas isto é apenas teoria, ficção. Na prática as coisas acabam sempre mal e mesmo fazendo o maior esforço para que tudo corra bem, demora sempre muito tempo até sararem as feridas, até ambos conseguirem permanecer debaixo do mesmo tecto, na mesma sala, sem qualquer tipo de constrangimento, sem mágoas, acusações, culpas e rancores. Os finais, afinal, podem não ser, sempre, felizes.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
1 comment:
Eu também pensava assim. Mas agora já conheço um casal que, separado, se continua a dar (bem). Creio que há espaço para tudo, neste mundo, até para finais tão improváveis como este.
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