Tudo estava lindo e perfeito: os passarinhos voavam nos céus, chilreando doces melodias, os pombos não se viam, e os pavões do Campo Grande estavam silenciosos. O sol brilhava alto e eu estive durante a manhã a estudar. Nem sequer saíram as notas de Matemática II, de forma a ensombrarem o meu caminho. Batia o ponteiro das 14.30 e eu lá parti, na minha longa viagem entre a Faculdade de Ciências da UL e a Praça Duque de Saldanha, no autocarro da Carris nº 36 com destino ao Cais do Sodré. Chegada ao destino, rumei em direcção ao Atrium Saldanha onde, supostamente, deveriam ocorrer umas gravações (ainda que algo manhosas) para o programa da RTP2 que mencionei num post anterior. Entrei, percorri os corredores, espreitei as montras, mas não me parece ter visto nada que se assemelhasse com tal coisa. Comecei a telefonar para o número que me tinham dado e em resposta só ouvia o sinal de ocupado, ou então de toque que depois era desligado ou, melhor ainda, ninguém me atendia. "Quibom!" Esperei meia horita, até porque tinha recebido telefonema stressante de minha mãe, e resolvi voltar quase de onde tinha vindo, porque a vida são dois dias, o Carnaval, três e a Festa do Avante já vai em 4 e eu tinha mais que fazer... Com uma raiva dos diabos, depois de cumprida a minha outra tarefa, decidi vir para casa (de onde escrevo esta missiva), pelo meio de transporte do costume, o comboio da CP com destino a Mira-Sintra/Meleças. Enquanto via que tinha perdido um e esperaria pelo seguinte, vejo a máquina de venda automática de gelados OLÁ! e, mesmo sabendo que não posso comer muito daquilo e que tinha em casa, coloquei a quantia certa e carreguei na letra e número a que correspondia o que queria... esperei e nada... nem dinheiro de volta, nem gelado. Em vez de ter telefonado logo para o número de apoio, ainda penso que haverá alguém nos cafés que estão dentro da estação, que me possa resolver o assunto, mas deparo-me com uma empregada que não deveria muito à inteligência porque em vez de dizer "olhe, desculpe, mas não a posso ajudar" responde-me "ahhhh......(longo silêncio)....não sabia que havia uma máquina lá em cima de gelados......(mais outro loooongo silêncio)... há lá uma máquina que vende?" Epá... podem dizer o que quiserem, mas porra, eu já estava lixada da cabeça e ainda me vem uma tipa com um QI de 10 fazer-me perguntas estupidas? Regressada à plataforma, telefono para o tal número de apoio ao consumidor e a rapariga que me atende diz que virá sem dúvida, ter comigo, um técnico. OK! Fico à espera, perco 2 comboios, mas não fará mal. Entretanto aproxima-se uma senhora (mais tarde reparei que brasileira) que efectua o mesmo procedimento que eu: dinheiro, teclas, e não é que o sacana do gelado (o mesmíssimo que eu tinha pedido) lhe cai? Calma! Obviamente que o gelado era dela, porque ela pagou-o: eu viiiii! Mas comigo, caiu?? NÃOOOOO! O senhor lá entretanto chegou, amigos como dantes, qualquer coisa, no Quartel de Abrantes, devolveu-me o dinheiro (porque eu já tava com medo do gelado estar fora de prazo ou saber-me mal) e depois, como eu lhe expliquei que o dia estava a correr que era uma merda, lá me deu um mini gelado que caiu até bastante bem, porque aquilo era para matar o mini-bicho (o bicho grande já levou com uma mega tosta de queijo, tomate e ervas aromáticas que morreu logo). Chego a casa e ponho-me a enviar mensagens de desprezo para tudo quanto é pessoa relacionada com a tal gravação... Resumo meus amigos: mexam-se! Se não falarmos, se calarmos, se deixarmos que as coisas nos aconteçam, somos uns parvos ainda maiores. Porque começamos a pensar que estão a gozar conosco ou isso.. até podem, mas pelo menos que gozem na cara. No meu caso não chegou a tanto, houve uma série de complicações e atrasos, mas falei com todas as pessoas que queria até chegarmos a concensos. Temos que falar quando as coisas não correm bem, porque então passamos a vida a queixar-mo-nos que tudo só acontece a nós, quando às vezes nem é bem assim. Às vezes as coisas ruins também acontecem aos outros, como no caso de hoje: a produção de exteriores estava à espera de muito mais pessoal para fazerem o mesmo que eu, e chegando tarde ao local, pelos vistos, praticamente ninguém tinha aparecido, nem dado satisfações. Isso também é um bocado mau da parte de quem se tinha comprometido, não? Há dias assim, em que o Karma não está do nosso lado, mas lá está... se é Karma, então amanhã, de certeza, que irá correr melhor. Energias meus amigos... energias!
PS- O dia continua lindo e perfeito... tenho é que começar a bombear o meu quarto com DUM DUM por causa das melgas...