Menina Julia - Cláudia Paiva Silva

Tuesday, April 21, 2009

Menina Julia

Quando escrevi o texto sobre esta peça para publicação, não conhecia a história, nem sequer sabia qual seria o desfecho. A sinopse de 5 linhas e o ensaio de impresa que ocorreu depois da data de entrega do trabalho não ajudaram à festa, mas findo o fim de semana e depois de ter aproveitado o Domingo para ir ver a dita, constatei que não me afastei muito da realidade dos factos. A peça Menina Julia, em cena no Teatro Nacional D. Maria II é uma história simples, mas muito bem contada, sobre uma menina de 25 anos, filha de pai rico mas com ascendente de torcer o nariz que, numa noite de São João, se deixa envolver pelo mordomo do pai, João, um rapaz bem apessoado com grandes sonhos para a sua vida e que sabe bem o quer. Ela que tinha a fama, mas não o proveito é feita muito rapidamente na chacota de todos os trabalhadores da casa, que a respeitam somente por ser superior a eles, mas que de resto a desprezam tal como ela os depreza a eles, devido á sua condição (parca condição) social. João, por sua vez não se sente o minimamente interessado pelo ocorrido. O que está feito está feito e ela sabia bem o que queria ou o que andava à procura: "Quem brinca com o fogo, geralmente, queima-se" diz ele depois do sucedido. Cristina, a cozinheira e noiva de Joâo não tem igualmente contemplações. O problema não é tanto Julia ter-se metido com o empregado, mas antes o contrário. Como continuar a trabalhar para pessoas que não se dão ao respeito quando aquilo que todos pretendem é chegar a um status social superior- o status no qual as pessoas que não se dão ao respeito, vivem. Desastrosamente a ideia de fugirem acaba por não ser a melhor e, como João que não se quer vergar ao mundo dos ricos, acaba sempre por o fazer na presença do Senhor Conde, a unica solução para Julia, que nunca se quis envolver com nenhum homem porque assim foi educada pela mãe, uma sufragista radical, não tem outra solução senão a morte. Moral da história: por muito que queiramos ser iguais aos homens, seremos sempre as prostitutas e eles nunca irão olhar para nós com igualdade.

1 comment:

The Star said...

Já tinha pensado em ir ver esta peça. Quando estive no teatro para ver Esta Noite Improvisa-se, o elenco estava lá em ensaios para esta peça.
Acho que até ao fim de Maio vou mesmo dar um pulinho ao D.Maria II para ver esta peça.