Até agora, nada de novo. Na noite que se presume ser a mais longa do ano, não foram até agora levantadas quaisquer dúvidas sobre quem vai ganhar o quê. Pessoalmente tenho pena se Brad Pitt não ganhar o prémio para melhor actor, mas com certeza que o mesmo irá para o renascido das cinzas, qual Fénix, de nome Mickey Rourke. Ninguém gosta do senhor, mas que fez igualmente uma grande interpretação, lá isso fez. Escrevo este texto, que é publicado posteriormente (porque não há rede sem fios cá na mansão), durante um dos muitos intervalos que se adivinham nesta edição dos Óscares. Uma nota apenas, em comparação com os prémios do ano passado, aliás, em comparação com qualquer uma das últimas edições, esta será provavelmente única. Bom, todas são únicas, mas basta ter tido a introdução que teve, com um Hugh Jackman a cantar, dançar, fazer uma perna de stand-up e interpretar, para merecer uma atenção especial. Depois, todo o cenário é completamente contra a crise; aliás, bem que se dizia que após a tomada de posse de Barack Obama os Óscares teriam todo um “glamour” nunca antes visto, um brilho, um decór de se lhe tirar o chapéu. Para além do “australiano que fez de australiano, num filme chamado Austrália, e que é apenas apresentador”, grandiosa foi a “boca” lançada pelo brilhante Ben Stiller ao ex-actor feito cantor Joaquin Phoenix (pelos vistos o pessoal da TVI não percebeu a piada- “a apresentação de Ben e Natalie Portman foi estranhamente desconcertante”). É bom que se note, o Hugh Jackman não é apenas uma cara e corpo, bonitos, é um actor completo. O Van Helsing só pode ter sido um colapso nervoso na carreira deste senhor.
Bem, continuando nos Óscares, a Pé ganhou como melhor actriz (desculpem, mas não me consigo concentrar com o Jackman a cantar e a dançar com a Beyoncé tudo o que vem à baila), e Benjamim Button, junto a Slumdog Millionaire já vão com dois cada um. Que a verdade seja dita, estes prémios valem pela prestação do apresentador… Sim, posso estar um bocadinho obcecada pelo dito cujo (ehehe). De qualquer das formas, continuo até a esta hora com as minhas apostas: melhor actor secundário, Heath Ledger, a título póstumo (“The musical is back!”), Mickey para melhor actor e, por fim, Kate Winslet para melhor actriz; mas, atenção, nada está garantido. Seria um balde de água fria muito grande vencer Meryl Streep, ou então Pitt, sendo que eu perdi a paciência para a senhora há já muito tempo, independentemente de serem grandes prestações ou não. Quanto a ele, admito, irei ver o filme hoje, segunda-feira, algures durante o dia.
Wall-E (na minha opinião um filme bonito, sim, mas que me parece dado para pessoas com alguma deficiência mental- pelo que vi há pouco o argumento seria muito mais interessante pois explica cada cena- sim, afinal a deficiente sou eu!-), ganhou para melhor filme de animação, batento Bolt e Kung-Fu Panda. Agora será a vez do melhor actor secundário. Espera-se que a apresentação do vencedor seja idêntica à de melhor actriz secundária, com pelo menos cinco actores que já ganharam. E é. Já vos disse alguma vez que gosto muito de Kevin Kline? Pois é, gosto e “bués” mesmo. Gosto também da forma como cada nomeado é introduzido, de acordo com a sua interpretação e carreira no cinema; neste momento é a vez de Downey Júnior (quem poder vá ver The Soloist, que deverá ser mais uma grande interpretação deste senhor que, tal como Rourke, também já bateu fundo, mas voltou a emergir), “um americano, que faz de australiano que quer fazer de preto” no filme Tropic Thunder. Ganhou Heath Ledger, que novidade…na realidade por mim não ganhava, ser nomeado muito bem, mas daí a ganhar, é exagero. Tudo bem, a interpretação foi excelente, mas então, não devíamos pensar naqueles que cá estão? É como ver a Meryl nomeada ano-sim, ano-não. É irritante e, todas as vezes que ela o é, está a tirar a vez a outra grande actriz que também poderia ser nomeada. Peço desculpa, eu gostava do Heath, era da “minha” geração, tornar-se-ia num enorme actor, mas faleceu. Então tivessem dado o Óscar a Massimo Troisi pelo Carteiro de Pablo Neruda, que merecia muitíssimo mais.
Bem, que não restem, mais uma vez, desculpem a repetição das palavras, dúvidas, que este é um ano incrivelmente inspirador para as apresentações. Extremamente pessoais, extremamente bem elaboradas e, sim Tina Fey, tinhas razão, “ninguém está interessado em ouvir falar da religião inventada por nós, actores”, uma forte alusão à Cientologia.
Para documentário ganhou Man on Wire, -sobre um homem francês que em Agosto de 1974 “decidiu” atravessar as Torres Gémeas por um arame, sem rede-, tal como Bruno Nogueira tinha previsto (e a quem agradeço a chamada de atenção).
Mais um intervalo… (e ainda dizem que estamos só a metade, sendo apenas três da matina).
Chamo a atenção para a banda sonora escolhida para cada pedaço de apresentações (clips) aos melhores momentos de 2008 (Romance, Acção…), muito bem escolhida e aplicada.
Já podiam era enfiar os prémios técnicos num sítio que eu cá sei, mas também já não têm mais sorte comigo por hoje, vou-me retirar, resta só saber quem ganhará a luta de mais Óscares recebidos: os indianos ou o velho que fica novo e morre bebé.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
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