Ciclo de Mulheres - Essas mulheres... - Cláudia Paiva Silva

Monday, October 30, 2006

Ciclo de Mulheres - Essas mulheres...

Neste meu 3º post sobre as mulheres, resolvi pegar no assunto ainda tabu para alguns, mas de essencial valor para muitos outras e principalmente para muitas outras. O aborto.
aborto, s.m. expulsão do feto antes do fim da gestação; (fig.) monstruosidade.
Passemos ao lado de qualquer dicionário, de qualquer enciclopédia. O aborto é aquilo que é, aquilo que era no tempo da minha bisavó, naquilo que era no tempo da minha avó e no que é hoje em dia, com a pequena, GRANDE diferença que antes, existiam parteiras que para além de saberem colocar crianças neste mundo, também, quando necessário, sabiam impedir a sua nascença e, aí está a diferença, sabiam-no fazer bem.
Aparte de moralismos religiosos, de séculos de tradição romano judaica cristã, de pudores, de tretas, que é isso que eu penso, tretas, balelas, bullshit, eu sou contra a despenalização do aborto conforme é pretendido no referendo de Janeiro. Sim... leram bem, isso é tudo treta, mas eu sou contra. E apenas porque acho que a lei actual está mais que boa e também por achar que se o sim ganhar, não vamos ter umas estatísticas mais baixas, mas sim ainda mais elevadas. Estamos num país que, lamento dizer, está na cauda da Europa. Como querem despenalizar algo que nos irá colocar num nível da tabela ainda mais baixo? O aborto é um acto de consciência e desculpem dizê-lo a maioria das mulheres (na cidade!!) que o fazer não têm qualquer tipo de consciência, nem física e muito menos moral para dizerem coisas como, "o meu corpo, a minha escolha". Qual escolha? Escolha é utilizarem algo chamado pílula (que me lembre, além do médico e farmaceutico, mais ninguém precisa de saber, muito menos o marido macho que quer tudo ao natural..) ou preservativo. Isso sim, é ter-se escolha e consciência, não correrem depois para lugares favelados onde uma sujeita qualquer que nunca fez algo parecido na vida, faz uma raspagem a um útero, ao nosso útero por favor! Não, não me posso esquecer do interior do país. Claro que não me consigo esquecer que a maioria dos casais continua a ter um número incrível de filhos e então tive esta ideia completamente estúpida: e que tal se em vez de regionalização, se falasse em aborto por regiões? Argh!!! Eu disse que era estúpido! Eu não quero saber se há vida ao 1º segundo, à semana, nem nada... eu quero, eu exigo consciência das mulheres citadinas que vão votar. Lamento estar a dizer isto quando pessoas de outros países também o irão ler. Quando colegas meus que não me entendem também o vão ler. Nunca faria um aborto. Se ficasse grávida e não desejasse a criança dá-la-ia para adopção, a uma família que pudesse criá-la gostar dela, mas mesmo assim, nem isso faria. Acho que ficar grávida nos dias que correm é mesmo uma questão opcional e de consciência. Eu voto contra uma despenalização do aborto.

4 comments:

Gux said...
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Gux said...

É um ponto de vista. Aqui vai outro.

Começo por dizer que concordo em absoluto quando dizes que usar o aborto para fins “contraceptivos” é absurdo!

No entanto.. há uma diferença abissal entre “vida” e sobrevivência. A segunda engloba quase tudo o que respira desde ratazanas até cá em cima aos pontos baixos do espectro humano. Racionalmente penso que é impossível não assentir que é impossível saber o que é um “bom pai” quanto mais obrigar as pessoas a terem boas praticas parentais.

No meu ponto de vista o que a actual lei faz é obrigar à progenitura e não vejo nada de positivo nisso. Não vejo nada de positivo na frustração nem no abandono. Os mesmos que matarão, se matarem, matam agora. Sei que seria inocência acreditar que não haverão pessoas que esfreguem as mãos pensando que se acabaram os dias em que tem de usar aquele “apetrecho incomodo e chato” por cima dos seus “penis de pedra”. Mas esses tipos... espero... serão acoitados pela consciência da mulher. Sim... porque um aborto continua a ser um aborto, pelo hospital ou pela parteira da esquina – é nocivo! É nocivo para o corpo da mulher, para o mesmo corpo que pensa: “este é o meu corpo.” Ou pensará “esta é a minha vida”. -que é uma perspectiva que me parece mais sincera e racional que a questão do corpo, que se calhar sofre menos em levar a gravidez a bom porto do que com o aborto.

Trás-me paz pensar que haverá menos pessoas obrigadas a sentir que não tem lugar aqui, que não queridas, que foram “atiradas” para o mundo.

E quanto a essas bestas peludas, mal cheirosas e afincados adeptos de futebol ... trás-me paz pensar que mais tarde ou mais cedo lhes vão crescer grelos no orgão e ao de ir ao “urologista” queimar a coisa a ferros quentes para se verem livres da “horta” pélvica....

Votarei não quando todos os defensores da “vida” estiverem dispostos a dar o seu dizimo para o combate à sobrevivência e até pago também e com gosto. Por agora: acredito que é melhor antes de ter consciência que depois.

Vou votar a favor da despenalização!!

Nuno Fonseca said...

A opinião seguinte é da exclusiva responsabilidade do opinante: sou contra o aborto. De facto, tenho razões científicas incontestáveis para dizer que nada difere do homicídio. Mas sei que se votasse contra a despenalização não faria diferença, pois o veredito foi já ditado pela média e a média diz que é bem despenalizar.

Nesta altura, e após ter dito estas breves palavras, o cidadão-modelo, de mente dita aberta a liberal, traçou já um perfil de mim. Chama-me antiquado e obsoleto (e estes são os termos mais simpáticos). Dir-me-ão que baseio crenças num livro que é treta, duma fé judaico-cristã que é treta e que eu e os meus irmãos espirituais aprovamos da treta. Mas afinal quem é o preconceituoso aqui?

Não se trata de incriminar as mulheres que o cometem nem os homens que o obriguem. Trata-se do crime, minha gente, não do criminoso. Enquanto cristão, a vida alheia não me interessa, pois vivo pela ordem de Cristo que diz: "Não julgueis os outros se não quereis ser julgados". O que essas pessoas fazem na sua intimidade a apenas elas é íntimo e não interfiro com o seu livre-arbítrio. Mas esses mesmos devem pensar se não estão a ir além das suas liberdades em privar um ser novo a primeiríssima das liberdades: a de se estar vivo.

E não me falem que por vezes trazer uma vida a este mundo não é conveniente, porque a vida não é uma conveniência: é um direito.
E não me falem nas deficiências físicas ou mentais do feto, pois também Hitler quis aniquilar os que considerava parasitas.
E não me falem de bastardia ou estupro, pois é a vida dum terceiro que está em jogo.

Sobretudo pensem se sempre é verdade que as vossas mentes são tão comodamente liberais e modernamente abertas ou se não são vítimas da moda moral destes dias, que, em jeito de ditadura avant-guarde, rejeita todas as ideias que lhe antecedam pelas mesmas razões que odeiam calças à boca-de-sino e sapatos de vela.

Por mais progressista que se seja, a maçã sempre cairá no solo -- e como esta lei, a da gravidade, há verdades absolutas e eternas. Por mais "in" que se considerem, vejam se conseguem levantar voo.

Cláudia Paiva Silva said...

é isso pessoal, vá! digam de vossa justiça, não se limitem somente a ler e a ficar calados ou a pensar no assunto... escrevam, mostrem-me o que valem!