Pára. Escuta. Olha. - Cláudia Paiva Silva

Monday, August 03, 2015

Pára. Escuta. Olha.

Acabei de ler um artigo sobre o facto de algumas pessoas simplesmente não saberem esperar e atirarem-se de cabeça para algo. Nomeadamente, para um relacionamento. E principalmente não saberem lidar bem com a espera, com o silêncio (normal), com a separação (física e por dias) da outra pessoa. Eu sou assim. Não sei esperar por ele. Não sei respeitar silêncios, nem tempos, nem horários, nem vontades - que existem, mas nem sempre dá para se manifestarem. Sou muito explosiva. Reajo mal a negações, a tempos livres e mortos em que há outra coisa por fazer - mas igualmente me chateio quando eu tenho de fazer mas ele me pergunta se eu posso ou quero. Em resumo, este tipo de comportamento é de pessoa mimada. 
Estive tanto tempo sozinha, a fazer tudo sozinha, que continuo a querer o meu espaço, mas não sei dar espaço aos outros. Isso é errado. Isso mata uma relação se não for bem medido. É preciso parar, escutar, olhar e respirar antes de dar o próximo passo. Ter a calma e paciência necessárias - não tanto pelos outros, mas essencialmente por nós, de forma a deixarmos a Vida rolar ao seu ritmo, sem estar sempre em cima, e estar sempre a massacrar o outro (mesmo que seja um massacre positivo não deixa de ser massacre). É preciso principalmente acreditar no Outro. Se somos amados porque temos a mania que o silêncio é sinónimo de que tudo vai mal? Não quer dizer nada. Numa relação, se algo está mal as pessoas falam sobre isso - para o bom e para o mau. Não estamos num jogo em que temos de esperar a cada 5 segundos pela resposta da mensagem que não vem - ela vem, simplesmente temos de espera mais do que os 5 segundos de intervalo! 

Esperar é uma virtude - só temos de colocar isso na nossa cabeça. 

7 comments:

Konigvs said...

Saudades da minha primeira relação. Não havia net nem telemóveis (ou haviam mas nós não tínhamos, e acabei por ser o último português a ter um telemóvel!).
Nessa altura só se escreviam cartas, que se escreviam à mão, com a nossa caligrafia, e pelas quais tínhamos de esperar uma semana pela resposta. E receber uma carta (tal como escrever uma) era quase um ritual. Eu nunca lia de imediato uma carta quando a tirava da caixa do correio. Era mais ao fim da noite, na privacidade do quarto que a lia e relia...
E é curioso que não tínhamos telemóveis, no entanto, combinava-se e as pessoas estavam no local combinado à hora marcada, ou apanhava-se a camioneta do horário X para ver se íamos os dois na mesma. Bons temos esses, tempos bem mais românticos - e menos ansiosos! - que os dias apressados de hoje ;)

Cláudia Paiva Silva said...

Isto de comentares coisas que já têm quase 3 anos têm muito que se lhe diga. Mas já agora, aqui entre nós, a situação em apreço não tinha a ver com telemóveis ou outros que tais. Aprendi (tarde de mais, bem sei) que quando uma pessoa não quer, desaparece assim do nada. Portanto bem podia ter ficado à espera. Foi desde então, um ano e meio a bater com a cabeça no chão. Sem necessidade... Ou talvez tenha havido ensinamento com a coisa.

Konigvs said...

Não fales que eu também já nem me lembrava que aqui tinha comentado! Tudo bem, ainda não passaram três anos, mas como não aprovaste os comentários até pensei que tivesses deixado de aqui escrever...
Eu não gosto de pessoas que desaparecem do nada (não fui reler o teu texto e já nem sei o que aborda). Eu tive várias situações e estou a lembrar-me de duas pessoas em particular. Mais revoltante ainda é quando as pessoas se afastam de nós porque (supostamente) estão a gostar mais de nós do que deviam. E anos depois desaparecem e nem sequer tenho forma de as contactar.

Cláudia Paiva Silva said...

Hey Hey! Não te preocupes... O problema é que nunca recebi emails de informação para moderar comentários - ontem é que estava a ver os dados no Blogger.com e vi que tinha os teus TODOS pendentes.
Sim, tens razão, hoje em dia, há já quem se afaste por estar a gostar "demasiado", como se isso fosse errado. Talvez nos dias de hoje. A tal cena dos "millenials" que querem tudo e não querem nada. Mas sim, no caso, acabei por aprender o conceito de "ghosting" que eu não conhecia. Aprendi da pior maneira. Acontece.

Konigvs said...

Agora penso que ainda há pouco tempo deixei de seguir um blogue de uma senhora porque ela todos os dias colocava novas publicações mas nunca aprovava os meus comentários! Pensei que estivesse a ser inconveniente ou sei lá! Na volta pode-lhe ter acontecido o mesmo que a ti...
Mas eu confesso que por vezes é aborrecido comentar em alguns blogues (e eu sigo poucos) e depois ser completamente ignorado. E não estamos a falar de blogues que têm dezenas de comentários! Não, só lá tinha o meu... acho que ficaria bem responder às pessoas. Não precisa de ser no próprio dia! Mas responder mostrando agrado por quem passa e decide ficar a ler o que escrevemos.

Espera! Isso tem nome e tudo? Fantasmar?! Sim senhora! O que eu aprendo!
Curiosamente há uns meses aconteceu-me o oposto. Uns "fantasmas" do passado contactaram-me... (depois de revirarem a net do avesso e não me encontrarem!). E parece que uma delas estava tão interessadíssima em saber da minha pessoa, mas combinou-se um jantar, eu depois até enviei um e-mail (para onde me conseguiram contactar) e até hoje. Nada. Silêncio.
É de mim ou as pessoas hoje em dia andam muito estranhas?

Cláudia Paiva Silva said...

As pessoas andam estranhas, mas há esperança! Sou exemplo e tenho exemplo disso! :)

Mas sim, estamos a viver tempos conturbados no que toca a socialização e à sociedade. Engraçado.... tanto algoritmo, mas até agora nenhum foi inventado para explicar estas questões, para mim, bem mais importantes, sobre o comportamento (autista e narcisista) das pessoas...

PS - sim, possivelmente será por isso. Será que tens alguma definição de segurança activada que não permita o envio de notificações às pessoas?

Konigvs said...

Vivemos tempos completamente vazios. Lembro-me sempre de uma frase do livro "A era do vazio" ainda antes dos tempos da net (vou ao meu blogue e já venho!):

"Quanto mais a cidade desenvolve as possibilidades de encontros, mais sós se sentem os indivíduos; quanto mais livres e emancipadas das coações antigas as relações se tornam, mais rara se faz a possibilidade de conhecer uma relação intensa. Por toda a parte encontramos a solidão, o vazio, a dificuldade de sentir, de ser transportado para fora de si: de onde uma fuga para a frente de "experiências", que mais não faz do que traduzir esta busca de uma "experiência" emocional forte."

Com a internet e as redes sociais multiplicas isto por mil milhões! E cada vez mais as pessoas sentem-se sozinhas e entopem-se de anti-depressivos.
Há quem ache (lá fora no mundo real) que eu sou um sujeito estranho. Eu às vezes acho que sou a pessoa mais sã que conheço!

(Não creio que seja problema meu, até porque eu comento noutros blogues com comentários moderados que são aprovados sem problema. Eu por acaso nunca moderei os comentários. Também quase nunca tive muitos comentários inconvenientes, tirando uma ou outra exceção que rapidamente a coisa ficou por ali).