A sorte não é algo que nos apareça do acaso. Aliás, o acaso é coisa que não existe. Tudo o que nos acontece (quer acreditamos, ou queiramos, ou não a ambos) tem um propósito e uma finalidade. Tudo o que dizemos e fazemos também. Acção - Reacção (e não me venham dizer que nunca viram o Matrix) - Consequência. Mesmo inconscientemente (e aí entra a tal questão do "destino"), o que fazemos poderá ter resultados inesperados, tanto positivos, como negativos. Geralmente ou não-raramente damos maior importância aos negativos, porque simplesmente são os que nos marcam mais, e muitas vezes, para o resto da vida. Mas faz sentido ser apenas assim? Claro que bater contra a parede leva-nos a aprender lições. Sem dúvida que as situações negativas são aprendizados que temos de ter, senão tudo era bonito e cor-de-rosa, e não fazia sentido nenhum sermos apenas e só felizes. Ter tudo NUNCA é bom. É preciso lutar pelos nossos objetivos e desejos - com rectidão, obviamente -, de forma a termos um propósito nesta nossa passagem e no nosso caminho. Contudo, quando as coisas boas acontecem, quando conseguimos ter, pelo menos 2 dias, em que tudo parece calmo e tranquilo, porque razão não o conseguimos fixar na memória? Por exemplo, um fim de semana prolongado, com sol, risos, amizade, pode ser simplesmente banido da nossa lista assim que termina, devido ao número de problemas que as nossas existências umbilicais acarretam. Ou se logo de seguida somos atropelados por um camião cisterna com excesso de carga. O nosso chi vai logo aos arames, o nosso equilíbrio fica simplesmente descontrolado. Não há nem massas, nem pesos, que reequilibrem a balança. Mas podemos pensar que aconteceu por um propósito. Em vez de nos culpabilizar-nos (e é sempre mais fácil o fazer), podemos tentar ver quais foram os fios condutores, perceber de que forma tocámos em teclas erradas ou proibidas e que causaram o estrago. Uma das formas mentais de não bater no fundo, é essencialmente relembrar os momentos bons - claro que é falacioso pensar que é um processo automático de cura, que não é. Pelo contrário, na maioria das vezes, e nas primeiras tentativas, ainda faz com que nos doa mais, torna a mágoa maior e o peso na consciência um fardo impossível de aguentar. Mas chega o dia em que passa. Um pouco como o processo de luto, em que temos de aprender a aceitar e a deixar partir.
Assim, a Roda da Fortuna, tem sempre casas da sorte ou casas de azar. Depende da forma como queiramos ver o jogo, o nosso jogo. Somos mestres das nossas decisões, das escolhas, dos caminhos que queremos tomar. Eu, por minha vez, sou extremamente teimosa. Não sou tão teimosa como algumas pessoas que conheço, mas sou teimosa. E sei que isso me pode trazer dissabores. Mas a escolha é minha se quero continuar a lutar contra a maré ou se me deixo levar para mar alto. Até porque a juntar ao racional, temos também o nosso instinto, o nosso coração. E aquela velha sensação de "algo me diz que..." não deve ser (sempre) ignorada. Aliás, não convém nunca que seja ignorada, pode apenas ser contornada. Temos de ter as cartas todas em jogo e a partir daí saber qual a melhor mão a ser jogada, mas com controlo de todos os factores, tanto as manilhas, como o resto que não interessa. Mas mesmo, mesmo que pareça que estamos em maré de Sorte, há algo que muitos se esquecem de fazer - agarrá-la e aproveitá-la. Muitos vêem a Sorte de algo lhes acontecer como dado adquirido. Esquecem que têm de a trabalhar como quase com tudo. Senão, vai-se. Temos a sorte de encontrar o emprego/ trabalho dos nossos sonhos, mas de pouco nos servirá se não nos aplicarmos ao que devemos. E isto funciona em qualquer área das nossas vidas. Temos de cuidar e alimentar aquilo que nos faz bem (a nossa Sorte são as nossas situações felizes, positivas), porque é bem mais fácil cair no poço quando parece que o tapete nos foge dos pés. E fazer girar a Roda, porque de uma forma ou de outra, é sempre uma nova hipótese e novo começo.