é-me contudo totalmente impossível ficar de braços cruzados ou calada quando leio que "os direitos jurídicos do presumível homicida Renato Seabra não foram salvaguardados". Irei colocar isto de uma forma sintética para que percebam: os direitos jurídicos do Renato "foram ao ar" no momento em que ele (com ou sem razão - embora aquela coisa do "libertar demónios e eliminar vírus" não me agrade por aí além) desfere uma violenta "carga de porrada" a um indivíduo de 65 anos (que podia ser irascível, mas não era violento de forma alguma), durante uma hora, atira-lhe com um portátil à cabeça (e daí ter sido a causa da morte) e, não contente, em requintes de malvadez, agarra no saca-rolhas, espeta-o numa órbita ocular do já cadáver e ainda lhe corta o pénis. Mas esta é a minha opinião. Não estou a falar de motivos ou razões ou qualquer outra coisa, apenas me cinjo ao facto de um jovem de 21 anos, bem apessoado, sabendo o que estava a fazer - afinal de que outra forma poderia ele próprio declarar que "só andava com o Carlos Castro pelo dinheiro e pela fama"- ter dado cabo da sua promissora vida com o acto selvagem, sem qualquer necessidade. Sim, porque eu até compreendo que em Cantanhede aquele jovem fosse "normal" e "incapaz de fazer uma coisa destas", mas não se deixem enganar pelo ar de inocência: hoje em dia toda a gente sabe bem ao que anda e, principalmente, com quem anda. Não estamos a falar de um homem que o Renato conheceu do "nada". Todos sabemos quem era o Carlos Castro, e como era o Carlos. Falar agora de inocência roubada e "levado ao engano" é atirar com poeira para os olhos. Felizmente nos EUA a história é outra.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
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