Para mim é sempre algo de fascinante, mas, tal como pude constatar com amigos meus, o sismo que ocorreu na madrugada de hoje, teve mais uma coisinha qualquer. Talvez porque se tivesse sentido bem, talvez porque em vez dos 2 segundos habituais o tenhamos sentido durante 20. Qualquer coisa foi e eu, que tenho as paredes pejadas de quadros, apenas pensei que algo estava errado quando sentido a estrutura dessas mesmas paredes a darem de si, sim, porque o primeiro som que ouvi foi um estalo por cima da minha cabeça ou pouco atrás de mim. E então, qual é o espanto? O espanto é que se chega mais uma vez à conclusão de que Portugal é ainda um país pouco evoluído no conhecimento de fenómenos deste género e ninguém me pode dizer que a culpa ou é dos cientistas ou dos governos, porque geralmente explicamos sempre a mesma coisa, de todas as vezes que estas coisas ocorrem, as pessoas dizem que percebem (e até podem entender, não digo o contrário), mas passados dias, meses, esquecem, voltando a repetir-se o ciclo vicioso de perguntas repetidas à exaustão. Não me estou a queixar, pelo contrário. Até acho bem que a população se interesse e preocupe, mas quando oiço, como hoje de manhã num consultório, raparigas de 35-40 anos dizerem que Portugal não é um país dado a actividade sísmica, dá-me vontade de partir a loiça toda. Desculpem, mas dá... É que a ignorância (para mim injustificada) irrita-me solenemente.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
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