Alguns dos acontecimentos que mais marcaram os meus 24 anos devem-se sobretudo a actividades culturais nas quais estive envolvida. Lembro-me que aos 8/9 anos fui numa visita de estudo ao Museu da Marinha anexado ao Mosteiro dos Jerónimos e que adorei tudo o que vi, de tal forma que ainda me lembro de alguns detalhes. Sei que o dia estava chuvoso e ventoso, e sei que aquilo tudo me fez ficar com uma ideia um bocado romântica da zona de Belém. Acho que é por isso que tanto gosto daquele local. No Verão passado tive a oportunidade de ir pela segunda vez à Austria. A principal diferença é que a 1ª foi muito mais voltada para a visita guiada (ainda que de forma personalizada), e desta vez as coisas, até por motivos de saúde, foram um pouco mais individualizadas. A minha mãe ia para onde queria e eu fui para onde quis. Mais uma vez e para não me desapontar as expectativas choveu, como aliás acontece em todos os verões na Europa Central, mas definitivamente, o facto de estar sozinha e visitar o Museu de Arte de Viena num dia de pleno Inverno em vésperas de apanhar um comboio para Salzburgo foi incrível. Praticamente não houve tempo em 2 horas e meia de o ver todo, e a páginas tantas dei por mim a ouvir os avisos de encerramento de portas. Fiquei desolada. Mas vi obras de arte que não encontro palavras para as descrever, na sua maioria de autores bem conhecidos, e inspiradas quase todas em passagens bíblicas. Acreditem quando digo que aprendi mais sobre o Livro nessa tarde do que se tivesse assistido alguma vez à catequese. Por isso, porque ainda não tive tempo para terminar de ver aquele museu, hei-de lá voltar um dia. Até lá volto a abrir os olhos e o coração aos museus nacionais, que afinal também fazem as delícias de muitos turistas e não só, embora, naturalmente sejam mais pequenos. O meu objectivo é ir nos próximos dias pela primeira vez ao Museu Nacional de Arte Antiga; vamos ver se não me desiludo.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
2 comments:
O problema de muitos museus não é a qualidade do que lá têm (que no caso do Museu de Arte Antiga é inquestionável), mas sim a maneira como o apresentam (a museografia).
Sentar em frente ao painéis de São Vicente e não fazer ideia do que se está a ver, não ilude ninguém. Desilude. No entanto, se alguém nos explicar tudo o que ali está, a polémica que envolve o autor, a maneira como foram encontrados antes de serem expostos, etc, aí sim toda uma nova luz se faz sobre o nosso entendimento.
Há falta de melhor sempre se pode comprar no museu um livro sobre o assunto... mas não é o ideal!
Não te desiludas com o que lá há, desilude-te "apenas" com a maneira como te mostram.
Excelente blogue !
Agradeço a visibilidade que dá ao clube dos Pensadores
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