Os verdes de outono, os castanhos e vermelhos, as cores que anunciam morte, queda, quebra e, ao mesmo tempo, renascimento. Ninguém hoje está preparado para este sentimento de mudança. Ninguém quer saber, com a pressa dos dias. Não se pára para perceber e olhar e estar vivo para compreender a alteração, a metamorfose da natureza.
Fala-se em alterações climáticas, mas quando temos a normalidade, não queremos olhar - dá-nos mais jeito o diferente, o anti-normal, ou não será antes, o novo normal?
O outono tem esse jeito doce de pôr o fim a um ciclo. Como aqueles romances de verão que são luz e fogo enquanto o vento suão espalha incêndios, e que sabemos que têm de terminar logo que caia a primeira folha. Rezamos para que não aconteça, mas é sempre inevitável. O outono pode demorar a aparecer, pode aparecer mais manso na sua chegada mas vem sempre.
O outono dos livros, dos cafés quentes ao som de chuva, das primeiras mantas e do aconchego caseiro. Dos passeios nos parques onde as árvores nos beijam com as tais cores, as tais folhagens. Aquele que antecipa o inverno da desolação, branco ou negro tingido, frio e implacável.
Esperamos pelo melhor, mas temos de nos fazer à respiração profunda, mais húmida, a cheirar a chuva e molhado. A vida.
1 comment:
É tão bom o cheiro da chuva que para mim significa vida.
Viva o outono.
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