I'm taking a ride with my best friend - Cláudia Paiva Silva

Saturday, June 11, 2022

I'm taking a ride with my best friend


Esta publicação não se permite ser um elogio. 
Será apenas e sempre uma história, real sim, mas uma história apenas de uma viagem musical. 

Terei escutado o tema Home (álbum Ultra, 1997) pela primeira vez aos 14 anos. Já se passaram 24. Conhecia a banda nascida nos anos 80 certamente há mais tempo, mas uma coisa é conhecer, de ouvido, o já na época "velhinho" Just Can't Get Enough (álbum Speak and Spell, 1981), outra é conhecer a partir daquele refrão e daquela voz (calhou ser uma canção de Martin Gore cantada pelo próprio) toda a história de uma banda que, nesse mesmo ano de 1997, poderia já nem estar no ativo. 

Entre lançamentos históricos (e histéricos) a concertos e tours megalómanas, passando pelos problemas pessoais e de saúde de cada um dos membros, a desistências e saídas incompreendidas, o álbum Ultra acabou por ser a minha porta de entrada a um mundo "upside down" décadas antes de Stranger Things alguma vez ter sido pensado. 

Antes do lançamento seguinte (Exciter, 2001), já eu tinha decidido que o álbum da minha vida seria Songs of Faith and Devotion (1993), e que dentro das favoritas, a que estava no topo da lista seria Walking in my Shoes - algo que continua ao dia de hoje. Claro está que no meio disto, "devotada" como me tornei, muito mais fui conhecendo, muita teoria da conspiração fui criando (junto a todos os milhões de fãs do planeta inteiro). Uma delas claro, mito urbano até, como todos sabemos, na qual Martin ter-se-á inspirado em David (Dave) Gahan (vocalista principal, frontman, showman), na escrita de algumas das suas canções mais incríveis - sendo Home uma delas. 

E depois temos Andrew (Andy) Fletcher. A cola que unia as peças partidas do grupo. Um dos elementos ainda de raiz, que pouco antes de morrer (há 2 semanas por causas naturais aos 60 anos - quem é que morre de causas naturais aos 60 anos?? "God has a sick sense of humor") dizia com orgulho britânico ser o único com possibilidade de beber uma cerveja ou uma garrafa de vinho (em claro contraste com as adições dos amigos que hoje em dia continuam certamente numa batalha, menor, certamente, com os seus vícios e fantasmas). O "clapping-hand guy", aquele que dizia ser o gestor para que a grande empresa que os Depeche Mode se tinham tornado, tivesse sempre para onde caminhar.

E na minha curta história (porque não consigo detalhar ou explicar o que senti quando os vi a primeira vez em Touring the Angel, ou as razões pelas quais nunca mais fui a nenhum outro, dos vários concertos que fizeram em Portugal), é aqui que não quero que isto seja mais um texto de homenagem, mas apenas um desabafo. 
O que eu, enquanto fã, gostava que acontecesse, versus, o que eles, enquanto banda, amigos (e amigos, entenda-se de uma vida inteira) pensam fazer. Será possível que possam continuar, numa viagem de emoções e certamente sensorial relembrando Andy "...taking a ride with my best friend", num álbum novamente hiper pessoal e numa última tour? Ou será que a falta do elemento agregador torna tudo sem sentido, sem o caminho por onde seguirem. 

Faltando quem coloque dois imensos egos nos seus devidos postos, como irá uma grandiosa e ainda incompreendida banda britânica (principalmente no próprio Reino Unido) conseguir ultrapassar uma gigantesca perda? Andy era muito mais do que o membro que batia palmas atrás do sintetizador - ele criava ambientes sonoros, e não se enganem, ele, junto com Vince Clark e Martin Gore, foram pioneiros nos sons que vieram depois a ser melhor trabalhados ao longos dos anos, principalmente pelas mãos de Alan Wilder. 

Seja como for, decidam como decidirem, acho que para nós, devotos, fãs, família estranha mas que transporta esta energia, nunca nos terão desapontado ("never let me down") e agradecemos que nos tenham mostrado o que "Casa" realmente significa.





No comments: