Num mundo só meu, seríamos todos guerreiros. Espada, escudo, arcos e flechas. Viveríamos prosperamente em reinos, lutaríamos apenas em caso de ameaça de conquista. Seríamos auto-sustentáveis. Mesmo que com recurso a mecânica. Seríamos cultos, cultivados e semearíamos cultura também. Não nos esqueceríamos do Passado, tentando não repetir erros no Presente. O Futuro seria o resultado final do equilíbrio das massas. Proporcionalidade. Dar sem pensar em receber, mas a receber, que fosse com coração.
Vivemos na realidade, a realidade em desarmonia. Para com a Natureza, claro, para com a própria Humanidade. Aprendemos a viver tão rapidamente que isso inclui a nossa visão perante a própria vida. Queremos mais para termos mais e não pensamos que com isso, vivemos pior, ou não vivemos de todo. Sim, o dinheiro faz falta, mas deixamos de possuir o que nos torna humanos (os sentimentos, a capacidade de sentir compaixão, altruísmo), para simplesmente não sentirmos nada. Vivemos anestesiados às desgraças, as nossas próprias desgraças, ao nosso umbigo. Não conseguimos ver que em nosso redor à quem viva pior, não conseguimos sequer fazer a comparação para que, mesmo egotisticamente, possamos ter alguma esperança (com o mal dos outros, posso eu bem). Nada!
Somos cínicos, mentirosos, maus, patéticos. Vivemos sem paciência e cheios de inveja que, quantas vezes se transforma, mesmo que momentaneamente, em ódio, em violência.
Juro que não são raras as vezes em que fico farta - também eu fico sem paciência para a falta de paciência dos outros. Perco a força para lutar contra a inércia de lutar dos outros. As energias negativas começam a afectar todas as positivas que ainda restam.
Às vezes ainda consigo ser mórbida ao pensar: se a escola do Paquistão que foi atacada, não fosse no Paquistão, mas em Portugal, seria possível que continuássemos a viver numa bolha? É que nada nos parece afectar. Com excepção do futebol - o ópio do Povo. Nada nos toca. Somos maus e estamos contaminados.
Precisamos de Paz.
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