Por muitos anos que passem, e acreditem que são quase 10 (!!!), não consigo esquecer alguns pormenores daquilo que se passava durante o início de cada ano lectivo quando ainda andava no preparatório e secundário. Um desses detalhes reside e muito pelo material escolar e pelo dinheiro que lá em casa se gastava comigo nessas alturas. Seria certamente substancial quando eu era mais miúda mas foi-se, felizmente, reduzindo de forma evidente, à medida que entrava na adolescência pura e dura. Primeiro: eu tinha a consciência de quanto é que os livros escolares custavam, e naquela altura, o minha antiga secundária só tinha e admitia alunos exemplares, de boas notas e sem backgrounds obscuros, pelo que isso da troca de livros era mentira (não havia naquela época essa necessidade, até porque os livros que usávamos eram directamente utilizados, sublinhados, escritos com apontamentos, coisas que sabíamos ser-nos úteis para mais tarde, para outros anos, para o futuro). Por outro lado, nunca nenhum de nós (eu e colegas) víamos qual a necessidade de aparecermos com mochilas novas (até porque a partir não sei de que ano deixei de utilizar mochila), material escolar novo (se bem que de ano a ano precisássemos de cadernos novos, porque obviamente, os outros ficavam CHEIOS- nós estudávamos realmente e não passeávamos apenas os ditos), roupa nova até. Claro que a vaidade existia, mas nunca foi coisa que nos levasse às loucuras que hoje são cometidas e claro, o facto dos livros rondarem os 100 euros, não ajudava. Então era AO LONGO DO ANO, que as coisas iam aparecendo. (Quando eu era mais pequena não dispensava era o raio das canetas de feltro, afinal elas ficavam literalmente secas... Molin, que saudades).
Hoje leio que os pais gastam, por filho, a casa início de ano lectivo a maquia de 400 euros aproximadamente... e não com livros. Esse dinheiro goes straight ahead para material escolar e roupa, o que me leva a dizer duas coisas (e não, não me podem dizer que é pelos miúdos crescerem, porque isso acontece EM TODO O ANO CIVIL, e não apenas nas férias, ou naquele pequeno período que antecede o início das aulas): que os meninos não gostam e não sabem reaproveitar o material escolar, acima de tudo mochilas, lápis, lapiseiras (bem mais barato do que lápis), canetas, borrachas, afias e os demais, que os papás ainda insistem em que os filhos devem ser os mais bem vestidos, os mais vistosos entre os colegas, de forma a que todos possam comparar os novos ténis da marca X ou Y. Ninguém está a pedir que os miúdos vão para a escola rotos, claro, mas espera-se, em temos de crise, alguma moderação que deveria existir, tanto pela parte dos filhos (que estão à espera das coisas novas porque assim foram educados) como dos pais, neste caso educadores para a vida em sociedade, não permitindo que os seus descendentes sejam extremamente consumistas, como a maioria agora tende a ser. Há que ensinar os filhos que as coisas já não são como eram, que é preciso ter paciência, e presumo que seja exactamente isso, a paciência, que falta a todos. Assim volto a dizer que mais do que uma troca de opiniões, é preciso uma troca e mudança de valores, daquilo que realmente é o essencial ao que é o superfulo.
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