Nos empregos assim sucede, portanto é normal termos de contornar as situações de reuniões em última hora que atrasam as férias de todos os funcionários. Assim, enquanto um colega meu goza, merecidamente mais uma semana de férias, que lhe tinha sido "roubada", eu fico por cá até ele regressar. Calmamente, como no ano passado, em relação ao número de ocupantes do escritório, mais atribulado com o crescente input de responsabilidade que eu, felizmente, vou ganhando. Ora são perfis sísmicos, ora são interpretações, ora são logs estratigráficos (ide ver ao Wikipedia o que são), ora são cálculos, ora lê-se alguma bibliografia e tenta-se escrever algo de útil, ora fica-se a olhar para os sites de moda e acessórios, ora fazem-se uns comentários (cada vez menos, cada vez menos) no Facebook, ou, voltamos a gerir o blog, após uns dias de ausência.
Poderia aqui escrever sobre o que sucedeu em Inglaterra, mas não consigo ainda bem articular as palavras como deve ser, uma vez que, por estes dias, e em rescaldo dos acontecimentos, a minha opinião primária sobre o assunto foi-se transformando, e acabo por ter várias versões e visões para o caso. Uma delas é sem dúvida o estado de consumismo a que o globo chegou. Não vale a pena negar, nem ter ideias de esquerda comunista e anti-capitalista porque quem nunca comprou, ainda que nas feiras, a mala Louis Vuitton, que atire a primeira pedra. E aí começa o problema. A disparidade de preços, o fosse entre classe ricas, milionárias, até, e as classes, claramente, cada vez mais pobres. Não acho nada de especial então naqueles que não possuem os bens, também os desejarem e os quererem ter... Faz parte da condição humana e não somos obrigados a permanecer, como Cristo, na pobreza e simplicidade, só porque é boa moral. Mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Por outro lado, existe toda uma sociedade que para além de querer ser consumista, foi "educada" para não trabalhar, vivendo às custas de subsídios que alegremente foram distribuídos pelos diversos governos e que agora, vão desaparecendo só porque estamos perante uma crise económica séria, grave a nível mundial. Não concordo de todo com essa questão dos subsídio-dependentes, que existem aos montes e que deveriam ser postos a trabalhar (mas o subsídio afinal era maior do que o ordenado).. pelo que coloco a pergunta: e agora? Homens e mulheres que nunca precisaram de ter um ofício, de trabalhar na vida, passando o tempo entre casa, café e praia (no Verão), enquanto outros vão trabalhando 30 anos para receberem reformas insignificantes e o restante dinheiro dos descontos ir parar ao bolso dos que nada querem fazer (e caramba, todos nós conhecemos exemplos!). É claro que depois há conflitos sociais, há montras partidas, pilhagens e mortes. E depois temos aqueles que querem realmente ter as oportunidades de trabalho e de estudos e não podem porque não têm forma de subsistência para isso. Daí ter escrito antes que não saberia sequer por onde pegar no assunto, porque li relatos de quem roubou COMIDA! para dar aos filhos e outros que roubaram LCD'S para venderem e verem se assim conseguiam ter dinheiro para o mais básico a que todos temos direito: Educação! E assim, entre aqueles que roubavam para destruir e os que roubavam por necessidade, acabo por ter grandes e sérias dúvidas sobre o certo e o errado nesta história. Mas sem dúvida que as classes políticas contribuem para isso em larga escala, e a sociedade molda-se em função do que a política nos oferece.