Eu não sou uma pessoa religiosa. Não tenho uma fé assumida. Se quieremos afirmar algo de jeito, podemos dizer que seja, talvez, cristã, no sentido de, acreditar na figura história de Jesus, tal como, sem nunca ter convivido com o senhor, ou ter visto o seu esqueleto, acreditar em D. Afonso Henriques. De resto sou cientista e, como tal, tudo o que seja bastante mais místico do que energias, átomos, partículas e afins, tenham o mesmo efeito em mim que o pó acumulado na minha secretária, ao longo de várias semanas---->Nefasto! Contudo, se há coisa que acredito, será na Bíblia. Ou pelo menos em pequenas parcelas do livro. Uma delas que destaca claramente a ocasião em que Cristo, com os seus 33 aninhos (uma criança a meu ver) foi preso e condenado por injúrias e calúnias (basicamente foi censurado por dizer algo em que acreditava e que estava a causar grande polémica entre os restantes patrões daquela sociedade algo pacoviana e totalmente consumista da época: a judaica). Nesse parágrafo, mais acima ou mais abaixo, ocorre o seguinte segmento em que me dá a sensação, mas posso estar a variar da cabecita, que alguém, assim de repente o agente da autoridade da localidade, chamado Poncio Pilatos, pergunta ao povo JUDEU, se quer libertar Jesus ou Barrabás (o equivalente ao gajo que hoje em dia entra armado num café ou ourivesaria, rouba e mata quem lhe fizer frente e, ainda viola a mulher do proprietário), ao que obtém a seguinte resposta: "Liberta Barrabás e mata Jesus!". Ora, posto isto, uma vez que na minha concepção, Pilatos funciona como um juiz e o povo judeu como um juri de uma qualquer julgamento, ainda dizem que foi Pilatos quem matou Cristo? Quem o cruxificou? A mim não me convencem.. portanto quando vejo capas de revistas que nem sequer são capazes de dizerem as verdades mais básicas que estão escritas no livro "sagrado", dá-me um bocadinho de repulsa e um ou outro vómito circunstancial.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
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