Chiado - Cláudia Paiva Silva

Saturday, May 24, 2008

Chiado

Hoje, no curso de escrita de viagem, tivémos (eu e as restantes colegas que não aproveitaram aquilo que seria uma ponte estatal) que efectuar a prova dos 9, ou seja, aventurarmo-nos pelas ruas e vielas do Chiado/Bairro Alto/Bica/ Cais do Sodré/Baixa e deixarmo-nos levar ao sabor da corrente (do Tejo a cruzar o Atlantico?) e daquilo que os nossos pés comandavam. Para mim foi um martírio. A primeira hora foi desesperante. Não consegui informações nenhumas, não levei maquina fotografica, nem mapa, nem roteiro. Era mais uma turista entre os muitos que por ali se encontravam (e, pior que isso, era uma turista nacional, nascida em Lisboa), em palpos de aranha a ler os nomes das ruas, a prestar atenção às estátuas, a enfiar-me pelas ruas do Bairro, que à tarde é capaz de ser bem mais agradável que durante a madrugada, a procurar pessoas, sons, sabores e cheiros. Aquilo que me ofuscava: a Luz da cidade, tema já referido anteriormente e o Tejo ao fundo de cada rua inclinada para Sul que passava. Ninguém diria que depois de uma manha tão tortuosa com forte possibilidade de carga chuvosa, a tarde ficasse tão límpida que permitisse ver tudo como se acabadas de lavar fossem as ruas e prédios. A reportagem de "viagem acidental" será redigida em breve para posterior apresentação, e tendo escolhido o típico cenário/palco dos demais turistas estrangeiros, compreendo que não existe outra solução para tal. Os percursos são mesmo todos assim, torna-se difícil encontrar pessoas que sejam tipicamente de lá, ou então confundem-se com todas as outras caras e silhuetas. Presumo que também não tenham muito para contar, mas sim para se queixar: do barulho, da confusão, dos carros, das bebedeiras, da insegurança, da droga, mas alguns sentem-lhe a falta, nos dias mais sossegados. O tumulto da noite dá lugar à quietude do dia e a paredes meias com a Rua do Loreto, Rua da Misericórdia, Largo Camões, Travessa dos Teatros, por onde cruzam electricos, automoveis, pedintes, rastafaris. Ao chegar ao meu ponto final, o único local moderno que irei considerar em incluir na minha crónica (casa de gelados da Haagen Dazs) deparei-me com a seguinte interrogativa na perede da entrada: Chiado, Onde estás? Captei-a com a unica coisa mais proxima que tinha de maquina fotográfica, o meu telemóvel, mas acho que explica muita coisa.

1 comment:

Diana said...

Olá! Estou (provavelmente) a fazer o mesmo curso de escrita de viagens que tu e hoje também vou à minha visita ao Chiado para depois escrever a reportagem. Andava a procurar informações sobre o sítio e encontrei o teu blog.
Bjs