Barcarena (Oeiras- Rio Jamor)
2ª Circular
Acidente em Belas (Queluz)
Bucelas (Loures)
Varzea de Loures (Rio Trancão)
Parque de Queluz- Vista dos prédios da Rua Manuel de Arriaga
Ontem à noite, o programa Depois do Adeus, uma estucha da jornalista Maria Elisa, evocou a memória daqueles que pereceram e à memória dos muitos que ainda se lembram das terríveis cheias que assolaram Lisboa, arredores, Alentejo e Ribatejo em 1967, 1983 e 1997, para além de todas as outras que, ano após ano, ocorrem em Portugal. O timing do programa foi apenas coincidência, uma vez que já se sentia, ontem à noite, uma forte bátega de água, que o Instituto de Meteorologia tinha avisado que poderia acontecer. Durante toda a noite, não só chuva bastante intensa, prolongada e trovoada abateram-se sobre a Península e Lisboa, Almada e Setúbal, naquilo que a maioria das pessoas consideraram assustador. Realmente o som de tanta água a bater nas janelas e telhados impunha respeito, mesmo para os mais destemidos, e para os que têm boa memória, poderia ser significado de mais um dia de inundações se não preocupantes, pelo menos destabilizantes (transito, comércio, etc..). Saí de casa já após as 10.00 sob chuva forte. Apesar de tudo, não ouvi no caminho para a estação de comboios quaisquer comentários sobre a intempérie, embora me tenha passado pela cabeça que as ribeiras/ rios que banham Queluz pudessem ter transbordado um pouco dos leitos. Ora, Queluz, é contudo um sítio relativamente alto, acima do nível de leito de cheia, no entanto, com a explosão demográfico sentida durante os anos 60 nos arredores da Capital, a maioria das construções foram efectuadas em zonas mais próximas do nível de caudal, e como consequência mais flagrante, em 1967, alguns prédios numa rua que se situa abaixo da minha foram literalmente sugados pela força das águas, e levados até certamente a foz do Rio Jamor, perto de Algés. Numa outra ribeira (Ribeira de Carenque), uma bomba de gasolina também ruiu, não se sabendo se o proprietário se encontrava ou não dentro da mesma. O Bairro das Quintelas, ainda considerado Freguesia de Queluz, encontra-se construído por cima de leito aluvial, pelo que, sempre que chove mais um pouco, as águas ficam ali retidas por ser zona de vale. Se o leito transbordar, os carros estacionados próximos dos edifícios, bem como os carros do parque da PSP, podem ficar inundados.
A zona de Belas, situa-se contudo numa zona topográficamente baixa. O Rio Jamor banha a estrada nacional 117 que faz a ligação entre Queluz- Belas e Idanha, sendo a mais usualmente utilizada por quem "foge" ao IC-19. É também esta estrada que invariavelmente, por uma questão de rapidez, atravesso para ir até Mafra ou Ericeira. Hoje, não houve tempo para tréguas. O rio galgou furioso as suas margens, atingiu a estrada e levou com a sua força um automóvel onde seguiam duas jovens. Uma morreu presa pelo cinto de segurança, a outra ter-se-á solto (ou a força da água te-la-á arrastado pelo curso fora), nunca mais tendo sido vista. Foram as únicas vítimas mortais a contabilizar.
Em Loures, como não é também de espantar, mais uma vez, a cidade transformou-se em rio. O Trancão ultrapassou as suas fronteiras usuais e deixou Odivelas, Povoa de Santo Adrião, Santo António dos Cavaleiros, Flamenga, Bucelas, Frielas, debaixo de água. No centro de Lisboa, Campo Grande, 2ª Circular, Estrada de Benfica, Brandoa, Calçada de Carriche, Alta de Lisboa, foram as zonas mais afectadas. A sul, foi o Distrito de Setúbal a ter mais problemas, uma vez que as principais ribeiras se encontram tapadas por cimento. Uma vez que as casas rasas estão por debaixo do nível médio da água, não demorou muito para que ficassem completamente submersas. As imagens seguem de seguida dos vários locais onde ocorreram os principais focos.
2 comments:
Muito triste! Mas mais triste é pensar que ainda se cometem erros sabendo a gravidade da situação.
Quer queiramos,quer não...sempre que acontecerem calamidades alguém vai arriscar a vida e perdê-la.
Outra coisa que me irrita é saber que as CM não se preocupam,durante o ano com limpeza de sarjetas e particulares com a dos algerozes e depois têm supresas menos agradáveis.
O que é triste é andarem no verão com o cu ao sol para ver se fica torradinho em vez de apostarem em funcionários da CM para desentupir e desentufalhar (palavra que não existe mas dá para entender) esgotos e afins.
Menos bronze, mais pessoal a bulir, e têm um inverno de qualidade. Para Expos e Estádios há vontade e para condições mínimas de higiene como andar na rua não há? Haja vergonha.
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