O dia em que sonhei que éramos zombies... - Cláudia Paiva Silva

Wednesday, November 11, 2015

O dia em que sonhei que éramos zombies...

Ainda não parei o tempo suficiente para perceber o motivo pelo qual esta estranha obsessão com zombies e mortos-vivos. Talvez por repetição exaustiva de séries e filmes alusivos ao tema, alguns deles que me fazem lembrar com muito receio alguns factos da actualidade (real) do Mundo: as vacinas contra o sarampo que servem de forma miraculosa para o tratamento de cancro (ou seus componentes químicos), os Ébolas, as tuberculoses cada vez menos raras e cada vez mais crónicas e sem tratamento (e cada vez mais gente no limiar da pobreza), as bactérias multi-resistentes que são transmitidas em áreas (supostamente) limpas e restritas em hospitais, a pandemia desenfreada com que a indústria farmacêutica se rege para ver quem ganha mais, com que governo e em que país ... OU .... 

Se simplesmente se deve ao facto de andarmos cada vez mais absortos em máquinas, telemóveis, vidas de ecran, plasmas e HD's, num ritmo frenético maníaco-compulsivo de casa-trabalho, trabalho-casa, apanhar os transportes, ir para o trânsito, FAZER mais trânsito, viver o caos, NO caos. 
E ver notícias fabricadas, cada vez mais sem saberem o que dizem ou dizerem os jornalistas, os repórteres. É tanta a miséria, é tanto o horror mundano e mundial que já não nos choca. "Imagens que podem ser susceptíveis..." deixam de o ser - porque se tornou comum, aliás, estranhamos quando um noticiário não apresenta nada de mórbido - que isso aumenta o interesse e, por conseguinte, as audiências. 
E depois, temos o resquício político. A queda de um Governo para a implementação de outro(s), que nunca se esperou ser feito desta forma, desta maneira. Um gozo total para com o Povo - uma admiração e expectação que nem os próprios partidos com certeza esperavam. Ninguém previa tal coisa. Ninguém previa que fôssemos mortos-vivos. Fazemos barulho por nada, manifestamos contradições a torto e a direito, não sabemos já o que queremos, apenas o que não queremos, mas não temos já capacidade para mudar, então deixamos-nos ir, sendo guiados pelo dia-a-dia costumeiro, esperando que seja sem grandes alterações, porque não conseguimos já fazer frente a mudanças bruscas, tudo nos cansa e causa desconforto, aquela lástima constante de que é sempre a mesma coisa, mesmo quando não é. 
O sonho não é um sonho já. É a realidade. Virámos zombies sem o saber, mas com a nossa própria autorização. Contradições. 

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