Sim, estou a usurpar o título da saga de Érico Veríssimo para este texto. Mas não irei registar nenhum romance com este nome.
Simplesmente faço a exultação do Tempo, que parece escorrer cada vez mais célere nas nossas vidas modernas, e das palavras que são proferidas e levadas em ondas sonoras por vibrações que não vemos, mas que podemos sentir.
Hoje é uma daquelas datas mágicas. Escrevem-se milhares de reportagens sobre o assunto mais do que falado. Agora com a nuance de acrescentar que o namoro e o amor não seja, per si e afinal, a melhor coisa do Mundo - basta vermos os relatórios públicos sobre violência entre casais para fazer nisso acreditar, ou então perceber que o organismo humano pode, realmente, sofrer perturbações graves com exposto à dor da perda de alguém que se ama/amou/amava.
Mas se calhar, hoje em dia, mais do que nunca, dever-se-ia escrever sobre o Amor/Tempo. Talvez há uns anos fosse mais simples manter o Amor, ou pelo menos, não seria tão fácil dispersar por outros mundos. Então, chegados à era em que o Amor também se quer rápido, quase como tudo o resto, tendo hora marcada em Outlook, porque a nossa agenda está mais do que ocupada com eventos laborais, sociais, familiares, pessoais até (porque no meio do caos precisamos de estar a sós para ouvirmos o rumor do Mundo), como é que este se mantém? Se consegue Amar?
Eu preciso de Tempo, eu preciso de tempo claro, óbvio, de começar de manhã e terminar à noite, de ter tempo para fazer coisas a dois, sem telemóveis, sem horas, sem olhar para o relógio. Mas o Tempo é mau (e estou em crer que os astrónomos concordam comigo quando digo que o tempo está a ser contabilizado mais rapidamente - e nem é apenas a quem tem sempre muito que fazer - eu noto mais até nos dias em que fico de pijama, em que só apetece fazer coisas que realmente gostamos nos nossos "tempos" livres - eu acho que os astrónomos não nos andam a contar a verdade toda sequer), o Tempo não perdoa, não quer saber se estamos ou não juntos, por quanto será, ou o que fazemos, se estamos a gostar ou não. É implacável quando tira. E ao mesmo tempo é amável quando dá, porque permite que fluamos na vida uns dos outros, que nos conheçamos, que possamos ser felizes, ainda que por breves instantes.
Mais do que flores e mensagens, quero tempo. Tempo para dizer que Te Amo e deixar que as palavras cheguem ao fim do Universo, porque temos essa capacidade de transpor barreiras de som, mesmo que "lá fora" o som não se propague. Claro que propaga. As tais ondas. A tal relação que existe com o Tempo. Com todas as teorias de relatividade de espaço-tempo-luz. O Amor e o Som, deveriam ser incorporados em formulas matemáticas e assim aplicados ao mais básico ensinamento.
Talvez as nossas vidas apressadas e cheias de coisas para fazer abrandassem. Talvez 1 ano equivalesse a 6. E não iríamos envelhecer.
Talvez houvesse mais Tempo.
No comments:
Post a Comment