March 29, 2017
BY Cláudia Paiva Silva 1
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Pelo início: eu nem sabia quem era o "historiador" David Irving (um deturpador de factos históricos, histérico, incoerente, emproado, racista, misógino, anti-semita e com uma enorme admiração por Hitler). Mas sei quem são os negacionistas actuais do Holocausto.
Parece-me perverso que haja alguém na Terra, que tenha alguma cultura geral, e negue algo tão óbvio, apenas afirmando o seguinte: "sem corpos não há prova que tenham sido mortos 6 milhões de judeus (e outros: crianças, idosos, deficientes, ciganos, comunistas, homossexuais) em campos de extermínio ou trabalho forçado".
Mas existe. O problema é esse.
Ontem fui ver o filme que abriu o Judaica - Festival de Cinema e Cultura.
Não me surpreendeu - durante a tarde de ontem estive a ler tudo sobre o caso. E nem sequer menciono aqui o nome da protagonista feminina - porque o que estava em causa o tempo todo era a veracidade de factos - provar por A+B que o Holocausto existiu. Que houve mortos, vítimas e alguns, raros, poucos sobreviventes.
O que não consigo engolir é que se faça disso o caso único de extermínio. Não se trata de mal grado. Eu não tenho nada contra as pessoas. Mas o certo é que esta Negação não é exclusiva aos anti-semitas, aos nazis, aos racistas. Esta Negação iniciou-se ainda durante a Guerra, quando os que conseguiram escapar e chegar a território da então PLENA Palestina, contavam as atrocidades e os patrícios simplesmente se negavam a ouvir e a acreditar. Foram precisos quase 15 anos após 1945, para que, com os primeiros julgamentos, se começasse a falar sobre o assunto, se começassem a ouvir as primeiras vítimas sobreviventes.
E eles, que bem quiserem na altura certa, falar, foram impedidos. Pela Negação dos outros (seus) e pela sua auto-condenação de terem sobrevivido quando outros milhões não. Quando pais resistiram aos filhos, maridos às mulheres. Uma vergonha, uma culpabilização.
Não admito, tal como tantos outros judeus, que o governo israelita tenha usado o Holocausto para justificar as suas atrocidades contra palestinianos.
Não admito que continuem a auto apelidarem-se de vítimas, quando na verdade, historicamente, as perseguições começam ainda no antigo testamento.
Aliás, quantos judeus não gostam desse estigma do "judeu pobrezinho", mais uma vítima entre o povo escolhido. Não.
Não à Negação. E Não à Vitimização.