Para não acharem que estou a exagerar e que o meu discurso também denota algum desdém rácico... - Cláudia Paiva Silva

Tuesday, January 12, 2016

Para não acharem que estou a exagerar e que o meu discurso também denota algum desdém rácico...

http://joaoferreiradias.blogs.sapo.pt/colonia-dimensoes-de-um-problema-de-77807

OS ACONTECIMENTOS de Colónia, Hamburgo e Zurique tiveram o condão de transpor à realidade problemas até então meramente potenciais. Os problemas resultantes de integrações falhadas e exclusões sociais nos imigrantes de primeira e segunda geração, são temas de fôlego das ciências sociais. Os traços comuns entre mexicanos nos Estados-Unidos, turcos na Alemanha e norte-africanos em França foram tratados por Richard Alba, a título de exemplo. Os processos de assimilação e definições identitárias são jogados nos espaços de socialização. É, pois, sempre leviano supor que a mera entrada num país confere automaticamente as condições para a integração total dos sujeitos. Os choques culturais tendem a guetizar os migrantes que se vão fechando nas suas próprias comunidades, reproduzindo os seus padrões autóctones, transitando mal entre clusters culturais. Os atentados na Europa e a adesão de jovens imigrantes de segunda geração ao Estado Islâmico, demonstram bem o alcance do problema das inclusões sociais quando os valores culturais são transpostos e implementados sem processos de ressignificação. 
Nos casos dos refugiados sírios, acontecimento emblemático que colocou sobre a mesa o dever humanitário em supressão das cadências de inclusão convencionais, sempre foi expectável que a entrada massiva de refugiados produziria o caldo sociológico adequado às crispações sociais. Salvo atos de hostilização, oriundos de segmentos sociais nacionalistas, não se pode demonizar ad eternum o país de acolhimento e forças os cidadão a alterar os seus padrões comportamentais -- como queria a presidente da Câmara de Colónia -- mesmo em casos de falhas no processo. As violações em massa que ocorreram na noite de passagem-de-ano e o envolvimento de refugiados e candidatos ao asilo político revelam o quão longe estamos de uma realidade linear onde os refugiados podem ser tomados em comparação com os judeus vítimas do holocausto. Não que se deva tomar o todo pela parte, mas importa compreender que a parte produz efeitos profundamente negativos. Isto porque, o choque cultural é evidente. Como resposta a Bélgica pretende desenvolver uma série de ações de formação para os refugiados masculinos, clarificando os direitos das mulheres no Ocidente. Estamos, pois, num cenário perigoso, em que o melting pot é cada vez menos uma realidade de diversidades incluídas e mais de diversidades em confronto, em que a cultura do país de acolhimento se torna num problema e em que o sujeito imigrado recusa a aceitação das regras sociais. Quando partindo dos seus padrões nativos, homens refugiados decidem que violar mulheres representa um direito natural, é dado um golpe profundo na democracia e na visão da integração social, expondo, igualmente, que nem sempre a minoria é vítima. 

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