April 30, 2012
BY Cláudia Paiva Silva 0
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... passado um mês e 5 dias, e depois de ver que quase todos escreveram algo pelo 25 de Abril, só me resta dizer, mediante a minha experiência nos últimos dias, que se me dessem a escolher, em termos de emprego eu diria: pego na empresa onde trabalho e a sede passaria a ser no Brasil. Reparei que enquanto eu cheguei cá toda preconceituosa e com medos, há quem chegue ainda a pensar que os brasileiros são um povo atrasado e que a capital do Império ainda fica no outro lado do Atlântico Norte. A sério que tentei confraternizar com alguns compatriotas, mas calharam-me aqueles que, nem sequer em Portugal, eu seria capaz de conviver. Tive azar, espero eu. A arrogância, o nariz empinado, aquela coisa do "se eles não perceberem o que nós dizemos, que se lixem!" não me caíram bem. Culminando com o (e lamento imenso dizer isto, mas ainda me sinto revoltada): "Estás a ficar muito "brasileira" para nosso gosto!". Revoltada e ofendida. Não porque me tivessem comparado, mas sim porque disseram aquilo como se fosse uma coisa má, de baixo nível. É engraçado como as situações mudam. E eu escrevi aqui algumas vezes, directamente ou nas entrelinhas, o que achava da imigração brasileira em Portugal, mas o problema é que eles mesmos sabem o que se passa lá fora. Há bom e ruim em todo o lado, há malandros, assassinos, prostitutas, a questão é que não se pode NUNCA generalizar e eu sou boa a fazer isso. Sou imensamente boa a ver o filme todo e antes de chegar ao fim, já estou a dar o fora. Tal como não quero generalizar quando digo que os portugueses são um povo retrógrado, infeliz, invejoso, que não suporta o sucesso de ninguém e muito menos o seu próprio e, como tal, sentem-se bem a dizer mal de tudo quando estão num país distante. OK, eu vou ficar a viver cá até Agosto, logo, qualquer tipo de dúvida e receio que eu tenha, terá de ser ultrapassado. Conhecer pessoas, conhecer locais, isso é importante e não ficar a roer que não há nada para fazer, nem onde ir. Bom, hoje não houve mesmo: Domingo e de chuva. Mas voltando ao início: o 25 de Abril serviu para abrir mentalidades e não para as fechar. E o que noto, é que gente mais nova do que eu é assustadoramente crítica e não se adapta a novas culturas, porque sempre se habituaram a ter tudo na palma da mão. Se neste momento sinto saudades? A resposta é não. Sinto falta do meu emprego, de algumas pessoas (família e sem ser), da orla costeira/geológica do meu país. Pegava neles, e trazia-os comigo. De resto, quando mais o tempo passa, menos saudades poderei ter. E quanto a ser mais brasileira do que antes. Sem dúvida que sim. Tal como na Áustria sou austríaca, na Madeira, madeirense, Marrocos, marroquina.. Sou acima de tudo e, felizmente, pude aperceber-me disso, uma cidadã do Mundo. E adoro!