Porque é impossível não esquecer o que aconteceu há 10 anos numa cidade que supostamente não nos dizia nada, porque é impossível nos alhearmos a algo que mudou para sempre a forma de vermos a Vida, a Política, a Guerra, que mudou o nosso quotidiano, que nos deixou desconfiados em relação ao que estava ao nosso lado, que nos deixou com medo de sair à rua ou irmos aos grandes centros das grandes cidades. Eu lembro-me da notícia durante os noticiários do almoço, sei que ainda não tinha recomeçado as aulas pós-férias, lembro-me de, durante a tarde, ter ido ver um filme em casa de uma amiga, com mais algumas pessoas... lembro-me do filme como se o tivesse visto ontem, mas também me recordo de, ao longo daquelas poucas horas, ter pensado em imensas coisas, em querer saber o que se passava lá fora. E também me lembro da revolta que senti quando ouvia os meus colegas a dizerem que aquilo não nos interessava, não tínhamos nada a ver com isso, que era algo entre os americanos e os terroristas... e que nós, jovens, éramos miúdos demais para nos preocuparmos com isso. Como era possível não querer saber ou ficar indiferente quando, ao longo dos meses seguintes, todos os dias as imagens novas nos entravam pela casa dentro? Como podíamos ficar indiferentes ao ver pessoas, humanos, gente como nós, a saltar para o vazio, em vez de esperarem pela morte em carne viva, envoltos em labaredas e sufocados pelo fumo preto que nunca iria acabar? Eu não sou de ficar indiferente, eu não consigo esquecer. É impossível...
E todas os conflitos políticos que daí surgiram, sou-lhes totalmente contra. Destruíram países em vez de os terem redimido, países que nunca mais irão conseguir voltar a ter paz. E o terrorismo, esse, não irá acabar tão depressa, basta pensar que o mesmo não depende só de facções religiosas ou morais, parte de apenas um indivíduo com ideias vincadas, retorcidas, tanto a favor como contra algo.
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