Há obviamente por aí muita gente com problemas de ressabiamento puro, destilando veneno por todos os poros, como se isso lhes garantisse a felicidade momentânea, quase da mesma forma como aquelas pessoas (como eu) que ficam felizes durante umas horas ou dias com uma malinha nova, um livro novo, etc.. Contudo este consumismo pela desgraça alheia é pronúncio de uma personalidade terrível, de um mau fundo desmesurada, de uma capacidade de, quiçá, efectuarem-se as maiores atrocidades só porque sim, só porque se sentem realmente bem com a infelicidade dos outros, com a maldade pura, com a dor de quem nunca conheceram, mas simplesmente, "não gostam". Ultimamente tenho visto muito disso pelos mais variados motivos. Obviamente que com Maria José Nogueira Pinto não é excepção e recusei-me a comentar o seu falecimento via Facebook porque já sabia que corria o risco de ser destratada por "amigos" que simplesmente não gostavam dela. Eu podia também não concordar com ela. Fez-me muita confusão a troca partidária que ela de forma tão ligeira efectuou. Mas... mas.... isso não me dá qualquer direito em chamá-la qualquer tipo de adjectivo. Lutou sempre pelas suas convicções e se isso significava deixar um partido e mudar para outro, então ela fazia-o sem complexos, lutou pelas suas ideias e ideais mesmo que não fossem iguais aos da restante população, lutou sempre até ao fim da vida, com uma dignidade sem igual, mantendo-se activa enquanto o corpo físico lhe permitiu. Uma Mulher fantástica no sentido de perseverança e vontade de fazer, não se deixando ficar de braços cruzados em qualquer batalha que travasse. A Zezinha fará muita falta quanto mais não seja, como exemplo para outros, dentro das suas próprias convicções.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
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