Quando comecei a praticar terapia alternativa em Maio passado, duas coisas eram ponto assente na minha vida. A primeira tinha a ver com o facto da pessoa por quem eu nutria afectos, objecto do meu sentimento mais ou menos profundo, nunca vir a saber o que eu sentia ou pensava sobre ela, para não haver o medo da negação/rejeição e, eventualmente ou consequentemente um afastamento muitas vezes associado entre nós. A segunda prendia-se com o facto de eu ter sempre tido como grupo de amigos, rapazes (agora homens) e, não me dar bem com raparigas (agora mulheres) e achar que isso era normal e deveria ser norma para todos os casos. Afinal as mulheres são umas galinhas, invejosas umas para as outras, más, mentirosas e pior que isso cínicas, dizendo uma coisa pela frente e fazendo exactamente o oposto por trás. (A minha opinião sobre o mulherio não se modificou, mas a minha forma de nos ver e de estar entre mulheres, sem dúvida que se alterou). Basicamente estes dois pressupostos base daquilo que eu pensava ser o certo foram alterados. Em Agosto resolvi a minha situação sentimental, que estava já a afectar o meu espaço dedicado à profissão e aos meus pequenos prazeres pessoais e, desde Setembro que comecei sem dúvida alguma a deixar entrar na minha vida várias mulheres (da mesma idade, mais novas, mais velhas) que me têm ensinado muitíssimo. Acima de tudo fazem-me compreender que embora nem todas as pessoas sejam boas (ou más), há sempre algumas que merecem a nossa amizade e respeito, porque mesmo que não nos conheçam, nem conheçam a nossa forma de ser ou estar no dia-a-dia, dão-nos apoio e força necessárias para aguentar quase tudo. Se um homem não chora, a maioria das mulheres que eu conheço, se o fazem, fazem-o recatadamente, sem alaridos, sem dramas, apenas confiando umas às outras, às mais próximas, que são uma espécie de melhor amigO, que não julgam nem opinam (muito), aquilo que lhe pode ir ou não na alma. Lembro-me bem de afirmar categoricamente que aquilo em que eu acreditava não iria mudar e lembro-me da S. (my terapist) me ter avisado que "cuidado, olha que isso vai acontecer". E aconteceu mesmo. Eu estava em crescimento e, com tudo o que me sucedeu ao longos dos últimos quase 12 meses, dei um pulo em termos de força de espírito e carácter. Nem todos/as teriam a minha coragem para enfrentar tantos desafios, alguns diariamente, sendo posta à prova num contra-relógio descarado e, por vezes, muito, tanto, desgastante. Contudo, se assim não fosse, a minha vida não teria mudado, e eu não seria o que sou hoje. Apesar do mau-feito continuar, sou mais calma, consigo ver para lá do que será óbvio, começo a saber ler as entrelinhas e a ter algum jogo de cintura. Acontece que agora noto com muito mais facilidade aqueles e aquelas que continuam encerrados nas suas mentes e espírito, não sabendo lidar com as críticas, nem tão pouco com as outras opiniões, que podem enaltecer ou completar, as suas. Há que saber crescer e deixar os outros crescerem também. Por isso é que a Vida é uma Mudança constante. Num dia estamos cá e, no outro, não.
Antonio Tabucchi
4 weeks ago
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