Não, não é uma justificação para maus-tratos domésticos, mas na verdade a revelação que tenho a fazer sobre a minha profunda obsessão em relação às modalidades de Ténis e Snooker. Muitos consideram o primeiro como um desporto de ricos onde não entra no “clube” qualquer alminha penada, só porque gosta, aprecia ou vibra ao ver uma bola a saltar de um lado ao outro de um court. O outro é, ainda no nosso país, muito pouco conhecido, esperando os vários patrocinadores e eu também, porque não, que a Final do Mundial de Snooker a ser realizado em Portimão na próxima semana, mudem essa imagem. Para quem que desde Janeiro anda a acompanhar Robertson, Murphy, Higgins, Selby, Allen entre outros, nas suas andanças com tacadas em bolas vermelhas e de cores, não estou nada mal impressionada, e garanto que fico muito mais alerta do que quando assisto pela TV ou em qualquer estádio a um jogo de futebol que não tem mais que saber do que ver 11 tipos a correrem atrás de uma bola para a tentarem enfiar numa baliza cujo diâmetro é bem superior a um buraco numa mesa de bilhar. E há mais, os meninos da bola branca têm treinadores, coisa que os jogadores de bilhar não costumam ter ou seja, passa tudo por uma grande dose que autodidactismo que inclui nervos de aço, grande técnica geométrica e de aplicação das leis da Física. A bola branca tem que bater na vermelha para esta ser embolsada, mas convém que logo a seguir bata na tabela subjacente para ser colocada em posição certeira para poder embolsar outra vermelha que por lá esteja. Ufa!, que até cansa descrever. E sabem lá qual é a sensação de ver uma bola que parece entrar tão obviamente a ficar mesmo à beirinha do abismo e, exactamente isso, ficar apenas a escassos milímetros de cair? É mau para os jogadores e para os adeptos, aliás, observadores. Porque o snooker é um daqueles desportos tipo suecos: tudo muito caladinho e sossegado para não desconcentrar ninguém, só que nestes últimos dias os ânimos por Sheffield têm andado muito agitados e qualquer erro ou qualquer entrada superior e seguida de 100 pontos é motivo de júbilo e grande barulheira (só comparável quando qualquer clube bate o FCP). O ténis é igualmente adorável e muito melhor no que toca a libertar tensões, ódios, palavras de ordem. Quem não se lembra de John MacEnroe a destruir raquetes levante o braço, era simplesmente lindo e compreensível. Uma pessoa fica irritada quando faz asneira ou quando se recusa a ver aquilo que o árbitro da partida, mais os árbitros auxiliares, mais todas as pessoas do público vêem: a bola foi realmente FORA! Mas não me digam que não é igualmente giro ver os “amortis”, as subidas à rede, o Federer agarrado ao Nadal chorando como uma criança a quem lhe roubaram o chupa-chupa. É uma emoção pegada e eu gosto mesmo disso! E ainda temos a brilhante participação de jovens que estão-se a safar muitíssimo bem, como por exemplo o Frederico Gil que fez o Nadal suar as estopinhas quando jogou contra ele, mas perdeu, em 3 sets! Que me digam ou atirem à cara que é um desporto de ricos, betos, betas, tios e tias é que eu não gosto tanto, até porque lá fora não é. É um desporto tão normal como os outros, nós é que gostamos de transformar tudo em coisas para ricos ou para totós, ou seja, o futebol é que é! É o desporto-rei do povo e, pese embora o possa admitir, ninguém me tira igualmente da ideia que o futebol possui um efeito placebo nas almas humanas. Quando joga um dos três (únicos) clubes nacionais principais, Portugal parece que pára, fica tudo em estado de alerta máximo, até os estabelecimentos de bairro fecham antes da hora, só para se enfiar tudo nos cafés (ainda) e ver os jogos na Sport TV. Tem piada que naquela série que retrata uma família tipicamente tuga em fins dos anos 60 e princípio da década de 70 quando havia jogos dos, olha que graça, três grandes, (numa altura em que o Porto ainda não era dono e senhor, com toda a razão, dos campeonatos) enfiava-se tudo no café para ver, porque nem todos tinham televisão em casa; Hoje em dia é porque nem todos subscrevem os canais codificados da TVCabo. Há outra coisa no ténis que eu aprecio: os vestidos das meninas, os penteados, e saber o peso delas. Afinal não sou assim tão gordinha para o meu 1,63. Sou uma tipa com ossos largos que tanto passava por tenista como por nadadora profissional, só que havia uns pequenos detalhes a referir: eu não sei jogar ténis e tenho um problema num pulso que me impediria de fazer quaisquer movimentos e, não sei sequer nadar. Assim se explica uma das muitas aberrações da natureza! Mas aconselho vivamente ver estes desportos, são giros, interessantes e aprende-se a controlar um bocado os nervos. São jogos de uma concentração muito superior a qualquer outro que exigem igualmente grande capacidade e esforço físico.