- Cláudia Paiva Silva

Tuesday, January 12, 2016

Esta publicação vai sem título. Simplesmente porque não sei bem que título lhe dar: se escrevo "antes e depois" lá estou eu a referir e a comparar o passado com o presente, a velocidade das rotações da Terra e todos esses temas que já começam (até a mim) a irritar. Se escrevo taxativamente "das redes sociais" e sendo eu blogger, utilizadora de Facebook e Instagrammer, parece que estou a queixar-me (e nesse caso, se estou mal, então, que deixe de usar as mesmas). Por isso mesmo não lhe darei qualquer título. É apenas uma constatação. E está ligada com o Instagram.
Se é verdade que existem (várias) pessoas que adoram publicitar tudo o que lhes acontece na vida no espalhafato da internet, outras apenas há que fazem alguns desabafos, partilhas, que sim, claramente e invariavelmente têm de estar relacionadas ou com algum assunto pessoal, ou com alguma opinião pessoal. Nesse caso, mesmo com maior cuidado, não estão livres dos comentários dos outros, dos conselhos ou das "postas de pescada" sempre tão sábias, por quem nunca teve quaisquer problemas na vida - ou simplesmente não partilha nada dessas coisas, mais ou menos abertamente, em qualquer meio do género - mas se não partilha, também não deveria comentar, até porque isto é como aquele "provérbio": mais uma entrada, mais uma voltinha, a mulher grávida não paga, mas também não anda.

No caso concreto, falo na utilização do Instagram. Aplicação inventada apenas para utilizadores de iPhone (que hoje em dia tanto passa pela miúda fashion de 16 anos, como o mais intelectual dos intelectuais) que se propagou aos utilizadores de Smarphones (como eu). 
O uso do Instagram é, mais uma vez, apenas e só exclusivo de cada utilizador. O que se publica ou deixa de publicar é com cada um. Claro que há cada vez mais páginas de utilizadores falsas, mas a verdade - e é isso que quero deixar claro - o Instagram não obedece a normas de fotografia. Cada pessoa é livre de publicar o que quiser. Existem autores e fotógrafos que têm simplesmente perfis magníficos, "limpos", com imagens bem captadas e posteriormente trabalhadas (e não me refiro aos filtros). Estes autores fazem do Instagram um quase portefólio sem ganharem nada por isso - é certo que não podemos apropriar-nos dessas fotografias, nem gravá-las, mas estão muito mais vulneráveis. Ainda assim tenho visto trabalhos excelentes. E isso interessa-me porque acabo por retirar ideias para futuras fotografias que eu, enquanto amadora, possa vir a fazer.
Por outro lado, o meu perfil, que nem é dos piores, é uma mescla. Prefiro pensar que é exactamente aquilo que o Instagram deveria ser: instantâneos. Não pensar muito, não ter obrigatoriamente um tema, um objectivo, um enquadramento específico, um filtro único, uma imagem sempre imaculada. É apenas aquilo que sai. Se eu vou pela Mouraria fora e começo a clicar o bairro, teremos umas 4 fotos (que eu pense estarem minimamente decentes) publicadas, se eu estou junto a uma praia, não raramente terei umas tantas orientadas a Oeste, sobre o mar, ou sobre vilas junto à orla costeira e por aí vai. 

Não tenho temas específicos. Não olho o "meu" Instagram como ferramenta de trabalho (claro!!), mas faz-me igualmente espécie aquelas pessoas que usam o Instagram só por usar. Tiram uma foto ao cão, de pantufas, pelo gozo e toca a partilhar. Isso também roça o ridículo. Não queremos artistas de renome, nem grandes génios de photoshop. Mas sim alguma coisa que mostre qualidade e não apenas quantidade. Digo que o meu perfil é um patchwork de vários momentos. Não se rege por modas, não tem qualquer fim. Mas penso que algumas fotos possam ser realmente interessantes. E quando acho que não, simplesmente apago. Fico com elas registadas numa plataforma de memória qualquer.

Não queiram contudo que todos sejamos iguais, que os perfis, (e quantos mais seguidores, pior), comecem por estabelecer uma cadência típica - um autor, um género fotográfico, algo que se olhe e pense: ah, isto é daquele/a pessoa específica. Pelo menos não para mim. Sou "fotógrafa" de coisas, pessoas, paisagens, sapatos, árvores de natal, montras, mas com algum sentido de gosto e estética. É essa a diferença. Há quem os tenha (ou estude para os ter), e há quem estrague o conceito, acabando por resultar num quase desligamento a uma plataforma que continua a ser tão interessante. A esses aconselho o Snapchat. Mas deixem o Instagram sossegado de lixo visual. 








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