May 2019 - Cláudia Paiva Silva

Tuesday, May 28, 2019

Notas mentais sobre as Eleições Europeias
May 28, 20190 Comments



Li ainda agora um texto de opinião (no sapo: A culpa é TUA) que deve ser visto com a devida atenção. E porquê? Porque embora usando a premissa óbvia e na qual eu concordo em cheio - às vezes temos de concordar com o homem - do Miguel Sousa Tavares em que a geração mais jovem, a geração ERASMUS atual, não deveria poder usufruir de uma série de iniciativas criadas pela União Europeia, uma vez que não foi votar (e olhem que é bem fácil saber quem foi ou não votar!), comenta com expressa ironia e completo descarte de responsabilidade, a mesma, responsabilidade, que a sua geração, então, também terá. 
Sim, não é certamente culpa (ou pode nem ser culpa) do jovem Geração Z, mas definitivamente é já uma culpa bem destacada, da geração anterior, na qual eu, e provavelmente o autor do texto supra mencionado, nos inserimos - e não me venham dizer que não somos igualmente jovens ou millenials - temos a capacidade de saber usar ainda um gira-dicos e leitor de cassetes, com a mesma familiaridade com que usamos um iPhone ou Smartphone. Bombamos no carro a gasolina que pertenceu aos nossos pais e no carro semi elétrico automático. Somos geniais para o empreendorismos, mas chegando a uma eleição (ainda por cima) europeia, somos umas bestas. É exactamente esse o conceito. De genial a besta, incapaz de se definir politicamente ou usar o voto como uma arma (voto nulo, voto em branco, fazer pilinhas no boletim, descrever cada partido numa frase curta e gross(eira) em baixo de cada quadradinhho). Não temos capacidade para pensar mais adiante do que as nossas necessidades imediatas - e claro, isso dá raia. 
Mais do que abstenção por sí, é a transmissão da ideia de que não queremos realmente saber da UE para nada - a não ser para viagens de finalistas ou ERASMUS, ou, na minha/nossa geração, Luas de Mel. Um aluno do ensino superior pode, até aos 30 anos, viajar de acordo com alguns dos programas europeus para estudantes. Por isso, não, não são aqueles que hoje perfazem a bonita idade de 18 anos que têm a culpa. São eles e todos os outros atrás - gerações inteiras que acham pouco importante levantarem o rabo de onde estão e porem-se ao caminho para meter o raio de uma cruz (ou desenhos, ou nada) num raio de um papel. Simples. O que não é simples é esta passividade.
Não é à toa que se oiça por aí: Volta Salazar... um dia destes pode ser que todos, sem excepção, tenhamos uma surpresa. 



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