November 18, 2018
BY Cláudia Paiva Silva 0
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Há dias, nas minhas visitas às paginas de outros, li o costume. Que ser-se influencer vai muito mais além do que publicitar as marcas, as roupas, os perfumes, as coisas completamente inúteis, que na verdade, usamos todos os dias, porque fazem parte dos nossos rituais privados, mas que no fundo, não nos trazem nada de mais, de novo ou de melhor. Não nos torna melhores pessoas. O querer e o ter, indicam, por vezes de forma enganadora, que aquela pessoa tem Poder, poder financeiro, poder para aquisição, poder para fazer mais, ou ter mais. E isso leva a invejas, e as invejas a actos e palavras más. Sentimentos maus e negativos. Por isso, quando se quer ser influenciador ou influenciadora, tem de se saber exactamente o que se quer partilhar, ter objetivos concretos em mente, bons ideais de e para a vida. Geralmente para a própria vida. Se esses depois puderem influenciar os outros, melhor. Como no filme "Bohemian Rhapsody": "good deeds, good words, good thoughts". O que será que queremos mesmo mostrar aos outros? São pequenos momentos que nos dão prazer? Coisas giras que as outras pessoas podem igualmente realizar ou concretizar para se sentirem melhor?
Mas como é que gerimos os nossos fantasmas, como podemos mostrar aos outros ou quando, o lutar e lidar com as sombras negras que nos perseguem? Porque nem sempre há final feliz, porque a vida muitas vezes é e continuará sempre a ser uma luta diária, em que as pessoas mostram um exterior reluzente em lantejoulas, purpurinas coloridas, vestidos e roupas combinadas, em contexto social ou familiar muito bem arranjado, muito "in" ou na moda, mas por dentro são vidros partidos que cortam a carne e chegam ao osso. Porque haverão dias em que nem apetece sair da cama, não se quer enfrentar o mundo, não há como sair do fundo do poço, mesmo com cordas e escadas que nos coloquem em mãos. Apenas há um vazio, uma tristeza imensas, um vácuo que não se preenche com nada. E não, não há como estar a ajudar ninguém a passar por isto mesmo, quando nós próprios estamos a atravessar o momento mais negro. E não, também não há momentos depressivos apenas àqueles tais que "podem ter o Tudo", há em todos aqueles com os quais me cruzo na rua, no comboio, gente que eu vejo que também tem as suas cruzes a suportar, os seus problemas a resolver. Como eu. Como todas as mulheres e homens, rapazes e raparigas que estão nas redes sociais. Que tiram fotos em ilhas paradisíacas e comem em restaurantes 5 estrelas, mas que no fundo, por detrás dos telemóveis e das máquinas fotográficas, são humanos e mortais. Existem dores comuns a nós todos. E sim, devemos agradecer por termos possibilidade de o dizer, e sim, poderíamos não ter um tecto, ou comida na mesa, ou um emprego sequer. Podíamos viver num país em guerra, ou sem liberdade (seja qual for o vosso conceito para tal). Poderia nem ter a oportunidade de já ter conhecido alguns dos cenários mais bonitos do planeta. E poderia nem estar aqui sequer.
Porque a depressão, depressões agudas ou de arrasto, esgotamentos, ansiedade afectam as pessoas que vivem a vida real. E isso também deveria ser debatido nos milhentos workshops que são feitos por aí. Ou simplesmente, partilhem mais, no no sentido do detalhe pessoal, mas sim, no geral. Deixem-se conhecer um pouco melhor, mostrem que têm falências. Façam das vossas dores, forças para vocês e para os outros. Das minhas dores, dos meus pesadelos, dos meus pesos na consciência, forças, para mim e para os outros.