Seria realmente possível que se tivéssemos tomado determinada atitude, decisão, se tivéssemos enfrentado o touro pelos cornos, a nossa vida, hoje, neste preciso momento, seria diferente? Ontem em conversa com a R., uma amiga minha de LONGA data (estamos a fazer 10 anos baby!), ela alertou-me para que eu tomasse coragem e fizesse o que ela não fez - dar o passo em frente, sem hesitações e medos. Contou-me que em tempos idos se tinha aproximado de uma pessoa, que, obviamente, também gostava dela, mas por uma questão de medo, ou de consciência, nunca teve coragem de enfrentar os nós do estômago e nunca lhe confessou essa paixão. Passados uns anos foi ao casamento dele, enquanto espectadora e percebeu que parte da vida lhe tinha passado frente aos olhos. Interroga-se também se, caso tivesse dito ou feito o que o coração lhe dizia, se estaria hoje como está e com quem está. Eu desconfio que não, mas também sei que não há coincidências. Podemos pensar que a vida e o Universo nos possibilitam imensas oportunidades do nada, que as coisas acontecem só porque sim. Sabemos, pela física universal que não é tanta essa a verdade. As partículas do espaço exterior estão conectadas, tal como nós estamos todos agarrados a moléculas que nos permitem a sobrevivência. Nada acontece por acaso e, existem espaços de tempo, intervalos ou "timings", para tudo. Existe um tempo para dizermos que gostamos de outra pessoa - mesmo correndo o risco de levarmos com um Não -, de marcarmos a nossa posição numa reunião, numa conversa, num grupo de amigos - quantas vezes não passamos pela sensação de querer ter dito algo, mas, entretanto, a altura certa parece ter passado? Há que haver um contexto (mesmo que esotérico ou não palpável) para que as coisas sejam ditas e feitas. E haverão sempre os SES, o verbo no condicional, que nos leva no futuro a olhar para o passado, que é a coisa mais errada que se pode fazer, com excepção para aprendermos lições: "Lembras-te do que aconteceu da outra vez??". Não sei se existirá essa coisa do "se eu tivesse dito isto, hoje as coisas seriam diferentes.." Claro que seriam, podiam até nem ser o que estaríamos na altura à espera, mas claro que os actos levam a consequências. Acção - Reacção. Na vida existe um equilíbrio natural, uma ordem natural das coisas, e a ideia é que a nossa balança esteja sempre bem "balançada". Podemos passar uma vida inteira a considerar hipóteses, mas não será apenas e só uma perda de tempo? O que passou, passou, e o que não passou, talvez pudesse ter passado, ou não. Por vezes, eu, que sou impulsiva, faço as coisas sem pensar - um pouco para evitar o "e se...." que mais tarde poderá surgir. Será que sou mais feliz com isso? Bom, uma coisa é certa. Tenho a resposta imediata na altura. Não existem ponderações posteriores, nem assaltos constantes de dúvida. A não ser que as situações mudem e as pessoas também. O que é uma chatice e leva-me à estaca zero. Mas, muito sinceramente, tanto eu, como a R. estamos a entrar naquela altura das nossas vidas em que já não temos 16 anos. O que não quer dizer que tenhamos de estar embrenhadas em situações que nos aborreçam - nada disso. Mas se calhar, por uma questão de bom-senso, temos de pensar que os relacionamentos dão trabalho, que a VIDA dá trabalho, e que é preciso trabalhar nisso, resolver os problemas, tentar dar a volta às situações, de outra forma passamos a vida a saltar pocinhas e ficar com o ponto de interrogação na cara, do " e se eu tivesse feito isto...". Não fizemos. Não dissemos. Paciência. Há que seguir em frente, que atrás vem gente.