Egon Schiele - Cláudia Paiva Silva

Thursday, September 18, 2008

Egon Schiele

Egon Schiele (Tulln an der Donau, 12 de Junho de 1890Viena, 31 de Outubro de 1918) foi um pintor austríaco ligado ao movimento expressionista. Nasceu no seio de uma família humilde, sendo que seu pai era um trabalhador do caminhos de ferro. Em 1905, com quinze anos, Schiele perdeu o pai por causa da sífilis. A partir dessa data ficou aos cuidados de um tio materno que reconheceu o seu valor artístico e o apoiou. No ano seguinte ingressou na Akademie der Bildenden Künste, em Viena, onde estudou desenho e pintura, em oposição à vontade de sua mãe que queria vê-lo a seguir os passos do pai. Em 1907, Schiele conheceu Gustav Klimt que, interessado no seu trabalho, fez dele o seu "protegido". Ajudou-o comprando os seus trabalhos, apresentando-o a pessoas influentes, arranjando-lhe modelos, entre outras coisas. A sua primeira exposição foi em 1908 na Klosterneuburg. Insatisfeito com o caracter conservador da academia, Schiele abandonou os estudos e, juntamente com outros colegas que partilhavam a mesma insatifação, criou o grupo Neukunstgruppe ("Grupo nova arte"). Liberto do conservadorismo, começou a explorar mais a forma humana e também a sexualidade. Em 1911, conheceu Valerie (Wally) Neuzil, a rapariga com dezassete anos com quem começou a viver em Viena usando-a também como modelo para alguns dos seus melhores trabalhos. Para fugirem à vida na cidade mudaram-se para Český Krumlov (Krumau). O seu estilo de vida (que incluia pintar modelos adolescentes da zona) teve um impacto negativo na população. Este impacto fez com que se mudassem de novo, desta vez para Neulengbach. Como estavam perto de Viena (cerca de 35km), o seu estúdio tornou-se num ponto de encontro de crianças deliquentes. Também aqui o seu estilo de vida não era de agrado das outras pessoas. Schiele chegou mesmo a ser preso por ter seduzido uma menor. Quando os polícias o foram prender levaram também vários trabalhos que consideram pornográficos. Schiele foi preso por 21 dias, não por ter seduzido a menor, mas sim por ter alegadamente exposto trabalhos pornográficos num local acessivel a menores. Em 1915 Egon deixou Valerie e ficou noivo de Edith Harms, vindo a casar-se no dia 15 de Junho desse ano.
Em 1918, Schiele foi convidado a participar na 49º Secessão em Viena. Teve 50 trabalhos aceites na exibição que foram postos na sala principal. Fez também o poster para a exibição, o qual era inspirado na Última Ceia, com o seu retrato no lugar de Cristo. Este acontecimento foi um tremendo sucesso tendo resultado na subida do valor económico dos trabalhos deste artista. Durante o útlimo ano da sua vida, Egon Schiele fez várias outras exposições igualmente com sucesso.
No outono de 1918, Edith, grávida de seis meses, foi uma das mais de vinte milhões vítimas da gripe espanhola, morrendo a 28 de Outubro. Três dias depois da sua morte, Schiele abandona também a sua vida. Durante estes três dias, Egon Schiele fez alguns reatratos de Edith, tendo sido estes os seus últimos trabalhos. Este grande representante do expressionismo austríaco deixou trabalhos onde estavam a representados seres humanos transfigurados por sentimentos fortes implícitos no seu traço, amantes revirados em amontoados de lençóis brancos, diversas mulheres posando para ele e auto-retratos provocantes mostrando a sua visão de si (provavelmente), assim como também fez algumas paisagens e residências burguesas, nos quais exibe um estilo cuidadoso e elegante, de traços bordados, com fortes contrastes entre ocres e cores primárias. Actualmente as suas obras mais importantes encontram-se em museus de Viena e da Suíça assim como em importantes coleções particulares.

2 comments:

Carlos Faria said...

vi algumas obras deste pintor quando estive em viena há dois anos, mas não conhecia nada do homem em si.

Anonymous said...

clau,

Tentei responder no blog sobre a dicotomia ciência vs deus

http://terrasalgada.blogspot.com/

mas aparentemente o autor do blog é do tipo fundamentalista. E vai daí, bloqueou-me os meus comentários. Cá vai a minha resposta ao teu comentário, que me parece pertinente:

***

clau,

Quando o rodrigo bento diz

"Nenhum cientista [baseando-se em factos científicos] pode afirmar que Deus não existe."*

tem razão. De facto, a ciência não provou a existência ou não existência de deus. E, na minha opinião, nem se deve preocupar minimamente com essa questão. A questão é filosófica e não científica.

Enquanto a ciência actua no campo da razão e do objectivo, a religião actua no campo subjectivo e emocional. Não se pode ser racionalmente religioso nem emocionalmente ateu.

É tão estúpido a ciência testar a eficácia da oração contra outros métodos de adoração, como é estúpido a religião esperar que a ciência adapte as suas conclusões por forma a adequarem-se às suas crenças**.

E é por esta razão que o criacionismo é apenas uma crença e nada tem de científico. No mundo criacionista, factos são distorcidos ou mal interpretados de forma sistemática. E se uma teoria não é satisfatória, completam-na dizendo que o que falta explicar deve-se ao poder imenso e insondável de deus.*** É exactamente por isto que o Vaticano acabou de tomar uma posição, através de comunicado oficial, dizendo que o Genesis não pode ser considerado prova científica, desmarcando-se abertamente do criacionismo.

Para finalizar: eu não sou contra em quem acredita no criacionismo (nem em quem acredita em Alá, no Buda ou na abóbora mágica); sou contra a quem pretende afirmar que o criacionismo é fruto da razão e da ciência, pois issso é uma falsidade fácil de provar.

* No entanto, um cientista pode afirmar individualmente que deus não existe, mas estará a falar da "sua" crença e não em nome da ciência. Tal como quando um cientista afirma que deus existe, também está a falar da "sua" crença e não em nome da ciência, como é o caso do Dr. Gentry deste artigo;

** A Igreja americana tentou provar cientificamente que a oração era eficaz. Num estudo enorme, dividiram as pessoas em três grupos: num dos grupos, houve um conjunto de crentes que rezavam pedindo a deus que estes melhorassem, mas sem que eles soubessem, no outro grupo, a mesma coisa só que eles sabiam que havia quem rezasse por eles, e o terceiro grupo, não sabia de nada e ninguém rezava por eles. Conclusão: não houve diferença alguma entre os grupos que não sabiam do estudo, isto é, ficou provado que, rezando por eles (2º grupo) ou não rezando (3º grupo), foi exactamente a mesma coisa. o 1º grupo diferenciou-se dos outros porque... morreram mais depressa. Será que quando se pede a deus as melhoras de uma pessoa, ele faz exactamente o contrário, e leva-as ainda mais depressa? Nada disso. A razão está no facto de, as pessoas ao saberem que existiam gente desconhecida a rezar por elas, o seu subconsciente apercebeu-se que estavam mesmo mal, fazendo-as desistir de lutar pela vida. Foi uma espécie de "efeito placebo" mas ao contrário. Claro que a Igreja, perante estes resultados, veio dizer que a ciência era falsa e não servia para nada. :-)

*** Foi por isso que fiz a caricatura do meu deus, a abóbora mágica. Perante perguntas filosóficas para as quais ninguém tem resposta, é fácil explicar através do poder imenso de uma entidade externa. Seja deus ou seja uma abóbora mágica. A caricatura que fiz não foge muito à forma de pensar e actuar do criacionismo.

***

Continuação de bons estudos. :)