Quando Bordalo já não é o Pinheiro original.. - Cláudia Paiva Silva

Wednesday, August 08, 2018

Quando Bordalo já não é o Pinheiro original..

Pegar em lixo e fazer com ele obras de arte não é para todos. Claro que não falo em lixo biodegradável, mas sim naquele que se não for realmente tratado, apenas irá encher o nosso já tão doente planeta de mais mazelas físicas e visíveis.
BordaloII tem essa capacidade, muito mais do que a Joana (não desfazendo) tem de pegar em tachos e fazer sapatos Cinderal tamanho Triple XL, ou em tampões e criar candelabros (volto a dizer que gosto muito de alguns trabalhos dela). 
Mas o que ele faz transcende um bocado a fasquia. Porque mesmo com obras lindísismas, acusa-nos, a todos, de sermos os responsáveis por todo aquele desperdício. Poderia fazer outra coisa qualquer, mas obriga-nos a pensar que, realmente, a quantidade de lixo é tão imensa que até obras de arte gigante conseguimos de lá retirar. 




Uma das suas frases emblemáticas (que cito a partir do site oficial) é sem dúvida a mais verdadeira e felizarda das expressões: "o lixo de um homem é o tesouro de outro". E sim, nascido, tal como eu, e crescendo, tal como eu também, numa época de sobre-consumo, em que desperdício deixou de ser algo mau ou feio, e imagens de crianças subnutridas já não fazem impressão aos olhos de ninguém, quando todos os valores estão invariavelmente invertidos e acaba-se por confundir várias formas de ser, idealogias, e uso sustentável dos recursos naturais fósseis e ou renováveis do planeta, é importante pensar seriamente no que podemos fazer para que os nossos egos sobrevivam mais uns milhares de anos na Terra. 




Porque meus caros, não pensem que ando ou andamos aqui a atirar com areia aos olhos de ninguém. Eu sou o que sou e faço o que faço consciente de que temos todo o cuidado do mundo para que nada de mal aconteça, para não prejudicar ainda mais o que outros já fizeram o cuidado em estragar. Mas não me digam que as vaquinhas não produzem mais metano do que os automóveis CO2, que a reciclagem não tem os seus benefícios, ou que realmente estamos a sobrepovoar o planeta azul e exactamente por causa disso estamos a entrar num grave declínio na Humanidade. 

É que a Terra irá sem dúvida, qual Fénix, auto restabelecer-se, nós é que temos os dias contados. Basta ver e perceber bem os sinais que ultimamente ela nos tem dado.




E não haja esquecimento que não estamos a tentar salvar o planeta, estamos sim, em mais um acto de puro egoísmo, a tentar salvar-nos. 


1 comment:

Konigvs said...

Eu não conheço a obra do Bordalo que estás a falar. Ouço falar Joana XXXL. Mas se toda a sua obra são aquelas parolices em tamanho gigante... quer dizer. Não sei como é que ainda não se lembrou de fazer um pénis gigante, aí com uns trinta metros de altura, para um qualquer autarca meter no meio de uma rotunda! Mas a arte contemporânea anda um bocado estranha. Será isto que a cadela dos meus pai fez uma obra de arte?
http://multi-resistente.blogspot.com/2018/04/arte-contemporanea.html

Sobre o lixo. Aqui há uns anos convidaram-me para ir ver um filme do qual nada sabia. Chamava-se "Lixo Extraordinário". Adorei aquilo. Era um documentário do artista brasileiro Vik Muniz e retrava a vida dos catadores de lixo e o que o artista fez com o lixo. Muito bom. Um dos catadores do lixo, disse que encontrava livros e lia. E que um dia lhe "deu neurose de ler Maquiavel". Muito interessante. No final esse jovem foi ao programa do Jô Soares, e quando o apresentador falou que eles eram "catadores do lixo" ele frizou que lixo é o que não tem utilidade, e eles recolhiam resíduos que eram matérias prima.

A propósito da reciclagem eu tendo vindo a afirmar que é unicamente o alívio da consciência pesada. Defender o ambiente não é reciclar, pois, como todos aprendemos na escola, antes da reciclagem vem o reduzir e o reutilizar. Só quando não se pode fazer mais nada é que, então, se deve reciclar. Mas pessoal que troca de carro de três em três anos, de telemóvel de meio em meio ano, e compra tudo e mais alguma e depois me vêm falar em reciclagem, quer dizer... Até porque, não esquecer, a reciclagem também é um negócio!