Claudia e a Super Nanny - Cláudia Paiva Silva

Saturday, January 20, 2018

Claudia e a Super Nanny

Até me custa a acreditar que só vou escrever sobre este assunto passada uma semana. Noutras alturas seria na hora, de cabeça quente. Mas, esperei, respirei fundo, li tudo o que foi dito e escrito. Ao longo de uma semana!
Pois bem, aqui vai: eu acho que o programa deve continuar. Simplesmente tapando a cara das crianças em causa, referidas em cada episódio. Pensei muito sobre tudo o que foi mencionado, sobre as críticas, sobre as ameaças. E de uma forma simples e directa digo que o programa apenas mostra a cada vez mais real vida entre pais e filhos. Pais que não são negligentes, que não compram os filhos com presentes todos os dias só para terem paz e sossego, mas sim pais trabalhadores, de classe média ou média baixa, que têm de lidar com crianças hiperactivas (fruto da constante necessidade que a  sociedade tem em criar actividades extra curriculares de forma a desenvolver o intelecto e o físico das crianças), que se tornam mal educadas, que sofrem influências externas, dos colegas de escola, de casos de violência que vão observando e absorvendo fora de casa. 

Isto é o que me apraz dizer de forma realmente muito sucinta, uma vez que poderia escorrer capítulos inteiros de psicologia infantil invertida. 

Claro que na segunda feira a seguir ao programa pensei que aquela menina iria ser muito provavelmente vítima de maus tratos dos colegas, dos professores, dos vizinhos. Mas acima de tudo percebi que aquele programa, a forma como às tantas me agarrou, não deixava de ser um reality show, puro vouyerismo, ainda para mais com meandros naquela história que passavam muito mais para além da criança. Aspectos familiares entre a mãe e a avó que nem nos chegaram a ser apresentados. De qualquer forma, aquilo era real. A presença de uma psicóloga e a continuação de uma terapia de acompanhamento - que eu sei que está a acontecer neste mesmo momento -, são essenciais para estes casos, e sem dúvida que é uma mais valia a todos os progenitores que se vêem nas mesmas circunstâncias. 
Mesmo assim, e continuo a insistir, tudo pode ter o seu limite, o seu filtro. E no caso, bastaria tapar a cara das crianças, porque para piorar tudo, eu continuo com a imagem daquela garota na cabeça. 
Da mesma forma que digo que o programa deve continuar, também acho muito feio que os pais ganhem dinheiro com isto. Porque isso sim, é uma violação aos direitos dos filhos. Fazerem render um problema que é importante e que se pode tornar grave com o passar do tempo não é bonito. E aí nem sei se será um problema da produtora (SIC) ou dos próprios adultos. 

Não, nada aqui é linear. Mas é importante partilhar o que se passa. 


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