WebSummit e a Geração Unicórnio - Cláudia Paiva Silva

Tuesday, November 07, 2017

WebSummit e a Geração Unicórnio

Realmente existem imensas formas de Marketing e Publicidade, mas um dos seus melhores exemplos e produtos é, sem dúvida o WebSummit (e o Rock in Rio, Alive e outros mega eventos que esgotam muitas vezes ainda antes de se saber o cartaz na sua totalidade). O problema do WebSummit é exactamente a sua fatal falácia em que todos parecem acreditar: qualquer empresa irá conseguir desenvolver os seus projectos no futuro a curto/médio prazo, garantindo lucros. A ideia claro que não é cortar as asas de ninguém - é excelente ter sonhos e objetivos, mas que sejam palpáveis, que tenham realmente um "purpose" e claro, que sejam aplicáveis. A metáfora do unicórnio é perfeita - estamos perante a geração unicórnio, a que acha que o futuro passa exclusivamente por projectos rápido, fast information, que requeiram algum trabalho, mas não muito, e que tenham uma projecção social incrível. Nem sempre assim acontece, e de acordo com as estatísticas são muito superiores as quedas (ou quase sempre).


A taxa de sucesso das start-ups é de 2% e não 1% (10% se citarmos ao The Guardian para uma estimativa internacional)... mas em todo o caso é como comparar tentar encontrar um palito numa sala de 30 metros quadrados ou num campo de trigo de 30 hectares... são coisas diferentes. Nem todas as start ups estão destinadas a vingar no mercado e nem todas as empresas têm pessoas à frente com capacidade e visão para as sustentar a longo prazo... a Websummit vende sonhos é verdade. Mas ninguém está lá (acho eu) para fazer negócio hoje. As pessoas estão para fazer networking e benchmarking, o que nem sempre é compreensível aos próprios participantes.







Não seria melhor investirmos nas "antigas" TedTalks? Eu acho esse conceito (ainda) muito bom, e igualmente influenciador de massas (trend and mind setter).
Quanto ao voluntariado - chama-se mesmo voluntariado por isso! Quem se inscreve sabe que não vai ganhar nada a não ser más refeições, horas e horas de confusão (como pelos vistos está a acontecer neste momento - não há badges suficientes para o número de voluntários), e muitas ressacas - o público alvo é cada vez mais jovem e, como tal, irá certamente aproveitar a noite lisboeta (apenas não no Urban, porque encerrou e já foi tarde!)
"(...)a suprema honra de ser escolhido, entre nove mil candidatos, para ser um dos 500 voluntários no maravilhoso sarau. Definição de voluntário: trabalhar à borla durante 18 horas num evento onde a entrada normal custa 1500 euros."
"E, segundo o Expresso, o número de startups criadas em Portugal em 2017, após o enorme sucesso da primeira Web Summit, diminuiu. Isso mesmo: diminuiu. Parece que há muita oferta de trabalho e as pessoas preferem a segurança de um bom emprego à insegurança de um novo negócio."





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