Qualquer coisa de bastante diferente agora. - Cláudia Paiva Silva

Tuesday, January 12, 2016

Qualquer coisa de bastante diferente agora.

Este já tem título. 
E é um assunto sério. Afinal o que é que aconteceu em Colónia na noite véspera ao Ano Novo? Ataques sexuais a mulheres? Violações (pelo menos 3 reportadas)? E por quem de facto? Apenas estrangeiros, alemães e estrangeiros, ou estrangeiros "refugiados", ou "estrangeiros sem autorização de residência"? Será que vai virar moda? E que ideia maravilhosa foi aquela da Mayor da cidade dizer para as mulheres andarem a um braço de distância de estrangeiros do género masculino de forma a evitar confrontos? Já agora, pergunto, que distância é essa, a do braço da mulher, ou do braço do homem? E porque não, já agora, evitarem usar saias, maquilhagem, decotes, e assim evitar todo e qualquer tipo de aproximação - com sorte usar um lenço e mais tarde, quem sabe, uma burka? 
O que é verdade é que isto realmente aconteceu, e apenas acrescentou mais lenha a uma fogueira que já virou incêndio de grandes proporções há muito tempo. As políticas de emigração estão a ser colocadas em causa e já ninguém se consegue sentir minimamente seguro na sua própria "casa". Sejam refugiados ou não, o certo é que os emigrantes ou migrantes são cada vez mais odiados, e, claramente, todos os que venham do médio Oriente - e não apresentarem qualquer tipo de certificação (comprovada) laboral ou habilitações não ajuda. Não é uma questão sequer de mão de obra barata, estou a referir-me a médicos, enfermeiros, professores, engenheiros e tantos outros e outras que realmente estejam a fugir de uma situação de todo não procurada, ao contrário de compatriotas iletrados e cegos por ditares militares, de ódio racial por uma cultura e religiões diferentes, mascarados por desígnios religiosos de livros sagrados. 
Além de fomentar racismo e xenofobia, estes designados humanos, acabam por fazer escalar a violência patriótica contra os outros emigrantes, aqueles que sempre existiram dentro das fronteiras europeias possuindo maiores ou menores recursos. A uma crise de refugiados podemos associar uma crise económica e financeira em que, também se questiona, a sobrevivência de tanta gente. Não havendo para os locais, como haverá para os outros, que ainda por cima, aspiram a chegar a "determinados" países. Porque razão? Alguém já parou realmente para perceber o motivo dos El Dorados? Ir para Espanha, Portugal, até mesmo França, está quase fora de questão - uma chatice - mas para a Alemanha, países nórdicos, não há problema - e países que como se sabe, historicamente (embora na capa da cidadania exemplar) escondem muitos ossos dentro dos armários, principalmente no que concerne a fanatismos de extrema direita. 

Por outro lado, durante a época natalícia, foi pedido a algumas comunidades para evitarem o uso de fogo de artifício, música, e outras formas festivas nas ruas, no intuito de "evitar recordações de explosões nos países em guerra". Compreendo perfeitamente bem que isso possa ocorrer, CONTUDO, duvido que seja essa a principal razão de tal pedido "simbólico". Deixar de fazer o que é natural dentro de uma cidade, evitando assim ir contra as crenças de pessoas que estamos a acolher parece-me exagerado, além de humilhante. Vamos deixar de fazer a nossa vida? Iremos começar realmente a praticar atitudes que matem a nossa liberdade para que os "estrangeiros" possam viver em plenitude a deles? Estarei eu na Europa ou estarei eu a, eventualmente, trabalhar num país do médio Oriente onde, LÁ SIM, terei de respeitar costumes e hábitos? 

Muitas perguntas, poucas respostas. 

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