- Cláudia Paiva Silva

Monday, November 01, 2010

3 dias.. 3 míseros dias que podiam ter sido passados de uma forma completamente diferente. Não é que não tenha feito o essencial. Cozinhei, limpei, até fui à rua comprar umas verduras. Mas não li, não ouvi música, não vi nenhum filme que gostasse, não pintei (presumo que não é agora que o vá fazer), e hoje, feriado, estive a trabalhar, que, de certa forma, é uma maneira de estar distraída e entretida. Logs, carotes, profundidades, estratigrafia.
Uma pena estar constipada. Se calhar as noites poderiam ter sido melhor dormidas, sem tosse, nem faltas de ar devido ao nariz entupido. Em contrapartida fiz algo que para as mulheres no geral, tem o seu Q de interesse: alterei a disposição de roupa no meu roupeiro. Verão para as catacumbas, Inverno para a frente; sim porque acho que isto já não tem volta a dar e o Inverno está mesmo a dizer Olá atrás de uma porta qualquer, o filho da mãe.
Sonho com saudade o dia em que estive na Praia Grande, a comer caracóis, apanhando sol na tez que este ano não passou do cor de rosa pálido, e das olheiras até ao nariz. Sim, uma única vez à praia, se bem que aquilo não foi "ir à praia", mas sim, "ir à esplanada". Eram 20.00 e estava a molhar os pés, as pernas e as calças, claro, numas poças enquanto o Sol jazia no horizonte. E foi lindo e mágico porque, ao contrário de outras vezes, em que a humidade e a neblina não o permitem, desta vez consegui ver até o ultimo raio, como se de uma despedida anual se tratasse. E tive sorte porque havia o cheiro a maresia do Oceano e a terra vindo da Serra, magnífica, imponente, onde a Lua (que por acaso estava na fase Cheia), começava a despontar em cada curva da estrada, em cada elevação que nós cruzávamos. Sonho com saudade, principalmente, o calor que senti naquela tarde.. e, admitindo que a imaginação é sem dúvida fértil, acredito piamente que nas manhas de vento, que Outubro trouxe, conseguia sentir o cheiro do mar, em plena estação de comboios do espaço urbano. Não que a distância seja impossível, porque o mar está já ali, basta subir uma rua e conseguimos vê-lo próximo, até, mas porque a Nortada não costuma trazer esses aromas. Fica o registo visual, na memória e na máquina, porque há coisas que eu não quero nunca esquecer.

2 comments:

Anita said...

Partilho contigo o encanto pela Praia Grande...este ano tb tive direito a uma visita ;)
Se bem que o que eu acho que te faz não querer esquecer tal momento não foram os caracóis, nem os raios de sol, nem a Lua cheia, nem...nada disso.
Há quem tb tenha umas fotos de pores do sol que tb não querem esquecer, mas a gente não liga a isso ;) ***

Cláudia Paiva Silva said...

Oh Aninhas... aí é que está. Foi o TUDO que não quero esquecer. Mas mais principalmente mesmo, aquilo que referi, a sensação da água salgada a bater-me nos pés, o cheiro, as cores, o Sol. Obviamente que a companhia também ajudou, mas... aquele dia resultou numa mudança de atitude, veio a acontecer nas vésperas de uma tomada de decisão muito importante para mim, num momento de grande lucidez e coragem. É acima de tudo pela Força que aquele dia me transmitiu que não o quero, nem me permito a esquecê-lo. =))