- Cláudia Paiva Silva

Sunday, December 28, 2008

Que o vosso Natal tenha sido unificador e glorificador das vossas vidas com os que demais vos são queridos, sem cinismos. Este ano decidi não ser cínica e com uma determinação única recusei-me a passar o dia de Natal com parte da minha família. Em contrapartida assisti impotente ao abrir de prendas da minha prima mais nova, numa loucura maternal que me fez ficar boquiaberta; como é possível uma criatura tão pequena ter já tantos brinquedos? Chego facilmente à conclusão que a este ritmo a pequena terá um telemóvel aos 5 e um automóvel aos 12. Por outro lado, fiquei com a nítida impressão que os portugueses estão loucos e que caminhamos rapidamente para o suicídio em massa. Não há outra forma para explicar a loucura de comprar antes do Natal (e com isto atiro a primeira pedra- Natal é sinónimo de compras e não de nascimento nenhum) e não logo a seguir, no dia 26, quando os preços começam a descer a pique. Pelo menos o meu estimado Corte Inglés não fez a coisa por menos e toca a remediar o mal que não foi feito antes do dia santificado: tudo o que é para vender, não vai a bem, vai a mal e transforma os grandes armazéns numa autêntica a real feira onde os preços (com a chancela de Black Friday-Sexta Negra na queda de preços) rondavam os descontos de 10 euros (antes era 200 agora, 190!). Bom, quando confrontados com a situação, os consumidores activos limitavam-se a dizer que tudo o que tinham para gastar, já tinham gasto e que "realmente, é uma estupidez não comprarmos depois. Fica muito mais em conta." Pois é, enquanto isso, os consumidores passivos abriram a pestana e toca de encher tudo quanto era centro comercial e assim, em resumo, e como moral da história percebe-se que o Natal é nos dias 27, 28, 29 de Dezembro, podendo prolongar-se enquanto houver stocks existentes até finais de Fevereiro. Mas este cenário é apenas parcial. Depois temos a tão falada crise, que até há bem pouco tempo, nem sequer era levada muito a sério pelos nossos governantes: uma coisa que passa ao lado da nossa "esquina no mundo". Afinal agora temos que estar preparados para as ondas de 10 metros que ameaçam a nossa costa e a nossa frente também. O cenário para 2009 é tão mau, mas tão mau, que eu já me limito a desejar um Bom 2010 para muitas pessoas; sempre é melhor que iludi-las não é?

1 comment:

Carlos Faria said...

Gostei das ideias do "suicídio em massa" e de que o natal é sinónimo de compras e não de nascimento. mas se o natal fosse para a maioria sinónimo de nascimento, julga que o pai natal sobreviveria como símbolo tão forte desta quadra? ele que está no ocaso da vida, de quem nunca se fala da sua infância e vive num dos lugares onde a vida praticamente não resiste!?...
O problema é que se matam colectivamente e levam consigo aqueles que tentam resistir ao suicídio.