Ciclo Mulheres -The L Word - Cláudia Paiva Silva

Tuesday, October 17, 2006

Ciclo Mulheres -The L Word

Tem-se falado muito nos últimos tempos em minorias étnicas, direitos dos imigrantes e, embora sejam assuntos extremamente importantes e actuais, não me parecem, contudo, com uma solução pacífica em breve e, será um assunto a ser falado em outro capítulo. No entanto, se há algo em comum com o tema anterior e com a série da 2: é exactamente o facto de se tratar ainda de uma minoria. A diferença passa pelo facto dos imigrantes já terem direitos adquiridos no país de acolhimento (se forem legais) e, os grupos de homossexuais continuarem uma, não direi longa, mas estranha batalha, não só por direitos civis, como também pelo direito de se livre manifestarem sem serem maltratados ou vítimas de exclusão pública. É mais fácil aceitarmos com alguma naturalidade (engolindo grande parte do nosso orgulho, ego, capacidade de raciocínio) um imigrante passar o dia bebendo cerveja e não ir trabalhar, recebendo ao fim do mês um subsídio de desemprego que lhe dá para muito coisa, do que, por exemplo, ter-se amigos homessexuais/ lésbicas, ter-se um gay no local de trabalho, ter-se por "infelicidade" filhos assim. Filhos, assim...Estes últimos chegam a ser expulsos de casa. É bem mais fácil aceitar de volta ao ninho um filho/filha que bate nos pais e/ou que os rouba, do que Ter em casa um filho que gosta do filho do melhor amigo do pai, ou uma filha que gosta da Teresinha, filha da Zezinha lá do grupo de amigas da mãe. E há mais! Que raio de ideia é essa que as lésbicas têm à viva força de terem um corpo mais másculo que fêmeo, cabelo curto, vestuário que não lembra ao diabo, voz grossa? É verdade que muitas se identificam (e ao BEM longe, assim), mas olhem que na maioria das vezes, não é assim e a prova provada é a série da 2: A personagem Shane é completamente andrógena e não é menos sensual que as outras. Não é por serem lésbicas que aquele grupo de mulheres se vestem extraordinariamente mal, ou não é certamente por isso que se deixam de bem vestir. Já ouvi comentários a esta excelente série- só tenho pena que passe a horas tardias durante a semana, mesmo sendo na 2:-, com maioria a rondar o "mau gosto", "onde já se viu", "pouca vergonha" e, a pérola maior "enoja-se pessoas assim e saber que outras pessoas a vejam". A mim o que me enoja são as pessoas que fazem estes comentários, porque ainda têm uma mentalidadezinha bem rudimentar e fechada (no próximo tema, voltaremos a este assunto) e, bem sei que pode ser muito difícil de encarar o assunto com naturalidade, mas mais tarde ou mais cedo terá que ser assim feito, porque os homens que por aí andam, já poucos ou nenhuns se podem considerar o típico macho latino e, muitos, já dão para "os dois lados".
Em relação à opinião destas pessoas, são elas as mesmas que vêem Sex and The City. Garanto-vos que a mim faz-me mais confusão a Miranda utilizar um vibrador para adormecer o filho, colocando-o debaixo do carrinho, ou ver a Samantha (pergonagem mais bem conseguida pela honestidade- para com ela mesma e para com os outros. "I've fucked every man in Manhattan and a few from Brooklyn"-) todos os episódios a fazer sexo nos locais mais inapropriados numa média de 2 homens por episódio. Já não falando das Desperate Housewifes, o terror das novas séries. Se a Carrie (Sex and The City) andava sempre bem vestida com os ultimos modelitos de New York, também a Bette (The L Word) anda com os melhores de Malibu. Se a Samantha pode andar a "comer" tudo o que é homem e que mexe, também a Shane tem esse direito com outras mulheres, ou será diferente por ser lésbica?
Sempre fui defensora dos direitos das mulheres, e aos poucos e de mansinho para não ferir a susceptibilidade de ninguém, fui-me tornando defensora dos direiros homossexuais (desde que as ideias tenham cabeça, tronco e membros), vou continuar assim, mesmo que a cabeça dos outros não esteja para aí virada.
Vejam a série e depois digam alguma coisa. Quem nunca pecou que atire a primeira pedra.

1 comment:

blasfemia said...

Quem raio somos nós para decidirmos como os outros se devem amar??O nosso país,tem ainda um longo caminho a percorrer,somos uns quadrados,ou até rectangulares..sei lá..e nem falaste na adopção..porque se já é péssimo para o tuga ver um casal de homossexuais a trocar carinhos então a palavra adopção nem sequer entra no vocabulário comum...